Acredite se quiser: existe um Donkey Kong para Mega Drive
Os anos 90. Época da batalha mais ferrenha da história da indústria dos videogames: SEGA x Nintendo. O que essas duas empresas faziam para atrair o consumidor é até hoje motivo de discussão e nesta guerra, muitos jogos exclusivos foram lançados para as duas plataformas. Mas como a turma do “deixa que eu resolvo” sempre estava pronta a “ajudar”, alguns jogos exclusivos de um console ia dar um rolezinho no console rival, como o Super Donkey Kong ’99 que você conhece agora.
O jogo é tecnicamente o Donkey Kong Country 3, lançado em 1997 para o Super Nintendo. A versão original era um fenômeno na década de 1990, pois usava a tão famosa e já consagrada Advanced Computer Modeling que criava modelos em 3D na época que jogos em 3D eram novidade. Provavelmente você já jogou este jogo e nem precisamos dizer muito sobre ele. E se não jogou, faça um favor a si mesmo e dê um jeito de experimentar pois se trata de um trabalho excelente dos bons tempos da parceria Rare-Nintendo.
Tudo muito bonito mas, como sabemos, o jogo era exclusivo de Super NES. ERA. Pois eis que o Mega Drive recebeu a sua versão. Claro que não é oficial e nem reconhecida pela SEGA, mas recebeu. Veja aí como ficou o jogo em sua “versão final”:
Vale lembrar que por se tratar de um projeto sem autorização nenhuma, o jogo é bem “ruinzinho”: as músicas são as mesmas batidas o tempo todo, o mapa das fases sumiu, a tecnologia ACM não existe – o que temos são sprites copiados do Super NES com animação lenta – e controlar os nossos amigos gorilas virou tarefa das mais ingratas. O jogo tinha 5 mundos – mas sem mapa – subdivididos em 2 estágios cada, com um chefão. E como toda boa fita da banca, sem save nem password: encostou em um inimigo, perdeu vida e perdeu todas as vidas volta pro começo, independente de onde estava.
Outra coisa a se considerar entre os consoles da época: o Mega Drive era o console dos cálculos rápidos e jogos mais rápidos ainda, enquanto o Super NES focava em gráficos — isso mesmo, a Nintendo se preocupou com superioridade gráfica um dia, hoje ela prefere investir na diversão e no gameplay — e na popularização dos RPGs. Por isso, um jogo como DKC 3 era impossível no console rival, mesmo se fosse desenvolvido por uma empresa que não tivesse laço nenhum de exclusividade.
Só para servir de exemplo, lembra de International Superstar Soccer Deluxe? O jogo definitivo de futebol para o Super Nintendo foi portado posteriormente para o Mega Drive, porém a qualidade gráfica e sonora caiu muito devido as diferenças entre os consoles, mas o gameplay, esse sim ficou demais. O mesmo aconteceu com Sunset Riders. Era comum, inclusive, que jogos de mesmo tema ganhassem versões diferentes para os consoles, como foi o caso do Adventures of Batman and Robin, que ganharam jogos totalmente diferentes para cada sistema, o que fazia (e ainda faz) a vontade de conferir ambos os consoles ainda maior.
Só que o tempo passa e o que é ruim acaba ficando, digamos… legal. Se você leu nossa matéria sobre Hong Kong 97 — o pior jogo da história — vai ver que algumas pessoas disseram nos comentários que iriam dar um jeito de jogar a ‘obra prima’, por mais tosca que ela é. O mesmo vale para Super Donkey Kong ’99: Um jogo tosco, que não deveria de maneira nenhuma estar rodando num Mega Drive, mas acabou aparecendo na casa do rival.
Mas se o Sonic visitou o Super NES em algum dia da história, os gorilas também puderam fazer o caminho inverso. E de alguma forma a história dos videogames ganhou mais alguns interessantes capítulos, mesmo que de maneira não-oficial.