Análise Arkade: hackeando o mundo de Watch_Dogs (PC, PS3, PS4, X360, XOne)

4 de junho de 2014

Análise Arkade: hackeando o mundo de Watch_Dogs (PC, PS3, PS4, X360, XOne)

Prepare seu smartphone para hackear o mundo a sua volta com a gente: está no ar nossa análise do muito antecipado Watch_Dogs!

SINOPSE

Para quem se liga em games, foi praticamente impossível não ouvir falar de Watch_Dogs. A Ubisoft bombardeou a internet com dezenas de trailers e vídeos, criou pegadinhas épicas e até chamou praticantes de parkour para promover o game.

O adiamento do game — anteriormente planejado para novembro de 2013 — também serviu para aumentar a expectativa e a apreensão dos fãs. Para muitos, a Ubisoft estaria aproveitando o tempo extra para lapidar o game, preparando-o para bater de frente com o colossal GTA V.

O fato é que Watch_Dogs já está entre nós, e deixando de lado as (inevitáveis) comparações com GTA V, ele é um grande jogo. Não é necessariamente revolucionário, mas faz o que se propõe a fazer muito bem, e é bem divertido de se jogar.

Análise Arkade: hackeando o mundo de Watch_Dogs (PC, PS3, PS4, X360, XOne)

A trama acompanha o hacker Aiden Pearce, um ex-criminoso que fez algumas más escolhas, se envolveu com as pessoas erradas e acabou perdendo tudo o que mais amava. Quase um ano depois, Aiden está de volta às ruas, pronto para usar suas habilidades para caçar seus inimigos e buscar vingança.

Dentre estas habilidades, a mais proeminente é o hacking: munido de um smartphone turbinado, Aiden é capaz de invadir praticamente qualquer tipo de equipamento eletrônico, manipulando a cidade de Chicago conforme sua necessidade.

GAMEPLAY

A jogabilidade parece uma mistura de GTA (na parte da exploração livre e direção) com Assassin’s Creed (free run) e Splinter Cell (stealth e tiroteios). É uma união de diferentes mecânicas bem pasteurizada, mas que cumpre bem o seu papel, e torna o gameplay bem dinâmico para quem já está acostumado ao gênero mundo aberto.

As missões principais da campanha são bem variadas, e vão te levar para diversas partes de Chicago. Entre caçar oponentes em perseguições de carro até invadir escritórios altamente protegidos ou ser preso de propósito para conversar com um companheiro, com uma mãozinha da tecnologia e uma boa dose de furtividade, Aiden pode acessar praticamente qualquer lugar.

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Contribui muito para a diversão a liberdade de abordagens que o jogo proporciona: muitas vezes você sequer precisa entrar fisicamente em um lugar, podendo simplesmente ir interligando um hack no outro para chegar — digitalmente — ao seu objetivo. Claro que você também pode entrar no estilo Rambo, sentando o dedo no gatilho. Ou ainda, que tal invadir o lugar e se valer dos hacks e da furtividade para se esquivar dos inimigos? Escolha a abordagem que mais lhe agrada e bote a mão na massa!

Faz falta um sistema de pancadaria bacana — como visto em Sleeping Dogs — mas talvez isso tenha sido feito para não deixar o protagonista muito overpowered. Na prática, você jamais pode atacar diretamente com socos ou chutes; Aiden só usa seus punhos (e seu estiloso bastão retrátil) em perseguições a pé ou para dar cabo de inimigos em modo stealth.

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O que faz sentido no contexto do jogo, afinal toda a jogabilidade de Watch_Dogs gira em torno do hacking, e estimula o jogador a pensar como um espião, não como um lutador de rua. O smartphone de Aiden pode fazer coisas bem improváveis, dos já manjados apagões e mudança de semáforos até monitorar “as emoções” de criminosos (ou vítimas) em potencial para interceder antes que o crime aconteça, no melhor estilo Minority Report.

As habilidades de Aiden começam modestas, mas conforme progredimos na trama, vamos destrancando upgrades variados, que podem melhoras suas habilidades de hacking, de direção, de stealth, manuseio de armas, etc. Temos ainda upgrades que nos possibilitam criar explosivos e dispositivos que distraem os inimigos ou obstruem suas comunicações.

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Bebendo um pouco na fonte de Max Payne e Sleeping Dogs, Watch_Dogs conta com momentos cinematográficos incríveis. Escapar de uma perseguição policial erguendo barreiras da via ou levantando uma ponte e saltando em alta velocidade sobre a água é realmente épico.

Hackear a cidade enquanto dirige é extremamente simples, e os resultados geralmente envolvem batidas espetaculares, com direito à uma cinematográfica câmera lenta que mostra os perseguidores se dando mal!

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BUGS E PROBLEMAS

O que não é tão espetacular assim é a direção em si: os carros parecem possuir todos o mesmo peso, você não percebe muito diferença esteja na boleia de um caminhão ou no banco de couro de um esportivo de luxo. O sistema de danos nos veículos também deixa bastante a desejar, se comparado com outros games de mundo aberto recentes.

Mas nesta área o pior mesmo é a física do jogo: estando de moto, você pode bater de frente com um ônibus que o personagem provavelmente vai continuar “grudado” no banco. Esse tipo de gafe quebra um pouco o clima, e contrasta com o ar de realismo do game.

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Entre as bizarrices do game, ainda vale uma menção (nem tão) honrosa para o já famoso trem/metrô e seu freio a disco ninja, capaz de parar instantaneamente! Novamente, é algo tão surreal que quebra a imersão e já virou piada no Youtube. Alguns atropelamentos também rendem bugs (NPCs atravessam e/ou ficam presos aos carros), mas no geral nossa experiência com o game no PS4 não teve um terço dos bugs que estão rolando pela internet.

HACKEANDO A CIDADE

Como estamos em uma versão mais ou menos futurista de Chicago, conectividade é a palavra chave: basta sacar seu smartphone (com o botão quadrado no PS4) para Aiden começar a receber informações dos arredores. Praticamente qualquer coisa eletrônica pode ser hackeada: semáforos, geradores, câmeras, empilhadeiras, computadores, painéis de LED, aparelhos de som, elevadores, portões automáticos, e por aí vai.

Para mapear as várias regiões da cidade, você deve visitar (e hackear) torres e centros de segurança da ctOS, que é basicamente a provedora do sistema operacional presente em tudo na cidade. É mais ou menos como a torres de rádio de Far Cry 3 ou os pontos de referência da série Assassin’s Creed. Fazendo isso, seu mapa se expande com ícones, pontos de interesse e outras informações úteis.

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Além dos elementos tecnológicos manipuláveis do cenário, cada NPC pode ser identificado graças ao seu smartphone, e muitos destes celulares podem ser hackeados para obtenção de dados bancários, conversas e trocas de mensagens suspeitas e até mesmo desbloqueio de itens, carros e músicas.

Checar o perfil dos NPCs, aliás, é algo extremamente divertido de se fazer no game, visto que aquele cidadão comum pode ser um viciado em pornografia, ou já ter tido problemas com a polícia, ou curte colecionar selos. Os NPCs podem ser um tanto genéricos e sem personalidade, mas as descrições que aparecem em seus perfis são bem bacanas.

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MULTIPLAYER E SIDEQUESTS

E fique ligado, pois os NPCs podem não ser bem o que aparentam: pois é, outros jogadores podem invadir o seu jogo (disfarçados de NPCs) para roubar seus dados, e você deve identificar quem é o intruso, mais ou menos como nas partidas multiplayer de Assassin’s Creed.

Verdade seja dita, esta é uma das coisas mais legais de Watch_Dogs: a maneira como ele mescla a campanha solo com o multiplayer de maneira orgânica. Você não precisa necessariamente parar sua campanha ou acessar um menu para jogar online, tudo acontece praticamente em tempo real, enquanto você joga. Claro que esse recurso pode ser desabilitado, mas para que abrir mão de algo tão legal?

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Como na vida real, você pode fazer check ins em locais famosos da cidade, podendo até deixar presentes (dinheiro, munição, itens) para outros jogadores nestes lugares. Convites para corridas online e missões cooperativas aparecem enquanto você está “de bobeira” entre uma missão e outra, cabendo a você aceitá-los ou não. Em um jogo onde conectividade é a palavra-chave, é muito legal ver como campanha e multiplayer estão integrados de maneira tão fluida.

Há espaço até para partidas multiplayer com jogadores que usam o app mobile do game: nestes casos, você deve passar por checkpoints enquanto o outro jogador vai ativando todo tipo de obstáculo em seu caminho. Simples, mas mostra como é boa a integração do game também com seu aplicativo oficial, coisa não muito comum.

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Além destes recursos online, você ainda pode acessar uma infinidade de recursos diretamente pelo seu smartphone. As sidequests single player envolvem invasão de sistemas de segurança, ferozes perseguições à bandidos, corridas clandestinas, entre outras variantes. Isso para não mencionar atividades como xadrez, poker ou aquele jogo de dizer onde está a bolinha, passatempos que podem até melhorar alguns dos atributos do personagem.

Outro ponto bem curioso do game são as digital trips, mini-games temáticos onde Aiden usa uma droga high tech para embarcar em ilusões psicodélicas e pode caçar inimigos, buscar tesouros, saltar pela cidade em flores gigantes (?!), sair atropelando pedestres de cabeça flamejante no melhor estilo Carmageddon ou simplesmente perpetrar caos e destruição a bordo de uma enorme aranha mecânica!

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Isso pode parecer bizarro, mas alguns destas viagens são extremamente divertidas, e servem como uma desculpa para podermos “tocar o horror” em Chicago sem remorso e sem consequências. E o mais legal é que cada mini-game possui sua própria progressão, com upgrades e power ups específicos. É praticamente uma evolução da famosa side-quest da maconha em GTA V.

AUDIOVISUAL

Quando foi apresentado na E3 de 2012, Watch_Dogs deixou todo mundo de queixo caído pelo seu visual arrasador. Porém, de lá para cá muitos jogos de visual incrível já foram lançados tanto para a geração passada quanto para a nova. GTA V e The Last of Us são apenas alguns exemplos de games “da geração passada” que levaram as plataformas ao limite.

Por conta disso, comparativamente, o visual de Watch_Dogs já não parece mais tão incrível assim. Isso não quer dizer que ele é feio, muito pelo contrário: a cidade é ricamente detalhada, e os efeitos de água e iluminação são incríveis. Tire suas conclusões por aqui, pois  boa parte das imagens que ilustram esta análise são screenshots que tiramos usando o botão “share” do PS4, sem nenhum tipo de edição ou tratamento.

Como essa aí debaixo, saída direto do PS4. Sério, dá para dizer que esse jogo é feio?

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Conforme foi adiantado, no PS4 o jogo roda em resolução máxima de 900p, a uma taxa de 30 frames por segundo. Não tivemos problemas com o framerate no jogo, mesmo durante as perseguições mais frenéticas. Se você tem um PC que dá conta do recado, conseguirá um desempenho ainda melhor, mas quem optar pelos consoles pode ficar tranquilo, pois também irá desfrutar de um jogo bonito e que roda bem.

Como já dito, a cidade de Chicago é belíssima, mas não passa aquela vibe de estar realmente viva, como a Los Santos de GTA V. Vemos NPCs fazendo coisas bem mundanas, como tocando violão, fazendo beatbox ou dando uns amassos (?!). Eles irão se assustar se você sacar uma arma e até chamar a polícia, mas tudo parece artificial, faltou um pouco de carisma e espontaneidade. O próprio Aiden não é um lá um sujeito muito carismático, mas felizmente está amparado por um bom elenco de apoio.

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Novamente temos um grande lançamento chegando totalmente em português ao Brasil. A maior parte das dublagens é muito boa, embora a voz do Aiden seja bem conhecida, o que acaba deixando aquela aura acidental de Sessão da Tarde. As legendas e menus também estão muito bem traduzidos, de modo que podemos curtir o jogo com seu áudio original e legendas em PT-BR.

A trilha sonora incidental faz um bom trabalho ao misturar rock industrial com uma pegada eletrônica, mas não chega a ser memorável. Você também pode curtir as músicas licenciadas do game, que contam com bastante hip hop e eletrônica, com um ou outro rock de alguma banda obscura.

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Você ouve uma ou outra notícia ocasionalmente, mas no geral não há aquela vibe de “programa de rádio”, parece só uma playlist, mesmo. Como em Saints Row, você pode curtir as músicas do game mesmo estando a pé, pelo smartphone de Aiden.

CONCLUSÃO

Watch_Dogs fez muito barulho desde (bem) antes de seu lançamento, e justamente por isso criou muitas expectativas. Felizmente, a Ubisoft conseguiu entregar praticamente tudo o que prometeu: um jogo de mundo aberto ágil e dinâmico, com uma campanha longa (passa fácil das 20 horas), uma temática interessante e uma cidade que poderia ser mais “viva”, mas ainda é bem caprichada.

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Há todo um #mimimi rolando por aí que diz que o jogo “não vai tirar o trono de GTA“, mas será que era isso que a Ubisoft tinha em mente? Será que Watch_Dogs não pode ser bom pelo que ele é, sem almejar roubar o trono de ninguém? O que seria do PES se todo mundo só jogasse FIFA? Há espaço no mercado para diferentes franquias de um mesmo gênero sem que uma precise necessariamente “roubar o trono” de outra! Se os jogos de mundo aberto continuarem melhorando e agregando novas temáticas, melhor para nós!

Do mesmo jeito que Sleeping Dogs, Just Cause e Saints Row são bons jogos de mundo aberto — cada um à sua maneira — Watch_Dogs entra para o hall dos grandes jogos de mundo aberto, com um universo que pode (e deve) ser expandido e melhorado em futuros games. Sua jogabilidade “reciclada” e suas pequenas falhas não desvalorizam a ótima  experiência de passear por Chicago hackeando tudo e todos.

Deixe as comparações com GTA V de lado e jogue, pois vale a pena!

Watch_Dogs foi lançado no dia 27 de maio, com versões para PC, Playstation 3, Playstation 4, Xbox 360 e Xbox One. A versão Wii U deve chegar em setembro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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