Análise Arkade: castigando meninas malvadas em Criminal Girls 2: Party Favors

24 de setembro de 2016

Análise Arkade: castigando meninas malvadas em Criminal Girls 2: Party Favors

Hora de passear pelo inferno acompanhado de um grupo de meninas malvadas. Criminal Girls 2 é um RPGzinho muito simpático, pervertido e controverso que está chegando ao PS Vita!

Antes de falar do jogo em si, acho que é válido revisitarmos um cantinho aconchegante e um pouco perturbador desta gloriosa profissão. É claro que estou falando dos…

Bastidores do jornalismo gamer

A vida é mesmo uma caixinha de surpresas. Há algumas semanas, eu nunca tinha tido qualquer tipo de contato com nenhum bishōjo game, gênero que, de acordo com a nem tão infalível Wikipedia, consiste em:

“Jogo japonês focado em interações com personagens femininas atraentes com características típicas de mangás e anime. A maioria dos jogos bishōjo contém algum tipo de elemento romântico ou de sedução, e alguns podem chegar a ser pornográficos”.

Pois bem, meu primeiro contato com este universo bizarro que envolve um misto de romance e perversão foi em Gal*Gun: Double Peace, jogo que me causou certo incômodo, mas que no geral foi uma experiência interessante. Meu review dele está aqui, caso queira ler.

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Pois bem, agora, menos de um mês depois, eis que um novo bishōjo game surgiu na minha vida: Criminal Girls 2: Party Favors é a sequência de um jogo lançado originalmente para PSP (e relançado posteriormente para o Vita). Não joguei o primeiro game, mas pelo que li, esta sequência tem muito em comum com ele, ainda que melhore alguns aspectos.

E, tal qual Gal*Gun: Double Peace, Criminal Girls 2 é um jogo que causa sensações conflitantes. Ele é um RPGzinho bacana na maior parte do tempo, mas quando envereda para seus mini-games de “motivação” — que envolvem erotismo, submissão e até sadomasoquismo –, ele se torna um pouco incômodo. Pelo menos para mim.

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Bom, mas vamos por partes. Já falo mais sobre isso. Acabam aqui os bastidores do jornalismo gamer, e começa o review propriamente dito.

Passeando pelo inferno em má companhia

Em Criminal Girls 2 você assume o papel de um Instrutor/Disciplinador desmemoriado que trabalha em uma espécie de limbo, para onde vão garotas safadas  que quase cometeram crimes ou simplesmente foram malvadas, mas morreram antes de se tornarem criminosas, ou algo pior.

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Neste submundo alternativo, elas deverão enfrentar diversas provações para descobrirem se merecem passar pela Reformation (que é meio que uma segunda chance de vida na Terra) ou se são mesmo garotas malvadas e devem ir para o inferno pagar por seus crimes.

Já de início você é apresentado a 7 garotas com personalidades bem diferentes — Lily, Yurine, Shinoa, Mizuki, Sui, Tsukasa e Kuroe –, que estarão sob sua responsabilidade no decorrer do game. Você deverá guiá-las por este submundo distorcido, ajudá-las a lidar com seus medos e fantasmas do passado, apartar os inevitáveis atritos que irão rolar entre elas, e por aí vai. Tudo isso enquanto se aprofunda em uma trama meio conspiratória sobre o “limbo” em si, e vai descobrindo o que levou as garotas àquela situação e até mesmo como seu personagem desmemoriado foi parar lá.

O lado RPG

Na maior parte do tempo, Criminal Girls 2 é um RPG por turnos que funciona muito bem. Seu personagem encabeça uma party formada por 4 garotas, e a exploração segue um estilo bem dungeon crawler: você caminha por áreas labirínticas cheias de corredores, encarando muitas batalhas aleatórias, dando de cara com muitos caminhos sem saída e encontrando alguns baús aqui e ali.

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Os combates rolam por turnos e contam com buffs, debuffs, poções, magias e tudo o mais que um RPG tradicional oferece, porém, aqui há um plot twist interessante:seu personagem não participa ativamente da batalha, ele é meio que o “treinador” do time. Porém, você não é livre para escolher diretamente a ação que cada menina do grupo vai realizar, elas basicamente “sugerem” uma ação para cada turno através de balões de fala. Nem sempre é a ação que você queria, mas fazer o que, são elas que mandam.  ¯\_(ツ)_/¯

Repare nos balões de fala abaixo. Cada garota está “sugerindo” a ação que quer realizar no turno:

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Conforme você sobe de nível com as meninas, elas obviamente vão ficando mais poderosas, e você vai desencadeando ataques conjuntos, combos mágicos e outras habilidades super poderosas, que rapidamente se tornam essenciais, pois as boss battles deste game são bem cabeludas e ocasionalmente exigem um bocado de grinding para “upar” as meninas.

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Porém, existem duas formas de melhorar suas personagens: o jeito normal — através de EXP ganha em combates, e o jeito “sadomasoquista”, que é onde o game se torna um tanto… bizarro.

O lado erótico/sadomasoquista

Se fosse apenas um RPG por turnos tradicional, Criminal Girls 2 seria muito bom. O “problema” é que, como estamos falando de um bishōjo game, ele invariavelmente dá um jeitinho de degringolar para a sacanagem, com mini-games que envolvem sadomasoquismo e submissão. Isso fez inclusive com que o game fosse “banido” em alguns países.

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Funciona assim: além de EXP, você também acumula CM, pontos que são usados para você “motivar” as garotas. Ao serem devidamente “motivadas”, elas aprendem novas magias e habilidades. Até aí tudo bem. A questão é que a “motivação” em si são mini-games onde você usa a tela touch do Vita para “interagir” com as personagens, esfregando-as, dando-lhes chicotadas, melecando-as com uma gosma (que eu prefiro nem saber o que é), dando-lhe choques, e por aí vai.

Embora nunca role nudez total, em todos os casos as meninas estão em posições “picantes” (algumas quase ginecológicas), e, ainda que o conteúdo tenha sido “amenizado” no ocidente, geralmente fica a impressão de que elas estão presas ou amarradas, o que transforma a “motivação” em algo que flerta perigosamente com tortura e submissão.

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O resultado destas sessões de “motivação” é bem… digamos…. explícito:

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Não vou bancar o puritano aqui e falar que isso me incomodou, ou me deixou perturbado. É só um game, afinal, e do mesmo modo que eu não acredito que jogar GTA torna as pessoas violentas, também não acho que este tipo de jogo transforma pessoas normais em pervertidos sadomasoquistas.

A questão é que a “motivação” por si só é gratuita, saca? A evolução das meninas poderia ser feita de diversas outras maneiras menos “sexuais”, não há um real propósito em isso ser feito dessa maneira, exceto, é claro, o apelo sexual e fetichista.

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E, sem falso puritanismo, se há algo que realmente me incomodou é que há pelo menos 2 integrantes do grupo — Mizuki e Kuroe — que parecem jovens demais para serem colocadas nestas situações. Ou vai dizer que não?

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Meu ponto é: Criminal Girls 2 poderia ser um RPG mais tradicional, e estaria ok. Os mini-games eróticos não necessariamente melhoram o game, e alguns deles são realmente chatinhos (o da escova e o dos choques são os piorzinhos). Se tirassem esta parte do game e mantivessem o foco na história — que apesar de bobinha é interessante — o game não necessariamente ficaria “pior”, e sem dúvida seria menos controverso.

Audiovisual

Criminal Girls 2 consegue a façanha de ser fofinho e extremamente erotizado ao mesmo tempo. Durante o gameplay em si e nas batalhas, você controla versões pequeninas e cabeçudinhas das personagens. E o visual delas visto desta maneira é super fofinho, olha só:

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Porém, quando rolam diálogos e os famigerados mini-games de motivação, estes modelos fofinhos são substituídos por ilustrações típicas de hentai, abusando de decotes ousados. Exemplos abaixo:

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Sendo honesto, as personagens são identificáveis das duas maneiras, mas sem dúvida é curiosa a dicotomia que há entre os modelos cabeçudinhos e suas versões mais voluptuosas. O character design do jogo abusa da sensualidade, mas sem dúvida criou personagens bem autênticas e interessantes.

A trilha sonora é incrivelmente boa. Cada área possui sua própria música tema, e quase todas são excelentes. As batalhas contra chefes também possuem uma música super legal. A música tema que rola no menu inicial é cantada (em japonês, claro), e é um rockzinho com vocal feminino que gruda de jeito na cabeça. Ouve aí:

No geral, a parte técnica de Criminal Girls 2 cumpre com louvor seu papel. Detalhes — como o caixãozinho que aparece quando uma delas morre em batalha, ou a forma como elas caem e ficam descabeladas com pouca energia — concedem um charme extra. O jogo conta com dublagens em japonês, mas tudo possui legendas em inglês, o que facilita a vida da gente.

Conclusão

Apesar de todos os pontos controversos que listei aqui, eu realmente curti Criminal Girls 2. Ele é um joguinho realmente legal, que não precisaria necessariamente de todo o seu conteúdo sexual para ser legal. Sua história é bobinha mas interessante, suas personagens são carismáticas e suas mecânicas de RPG por turno funcionam muito bem.

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Sua porção bishōjo me parece simplesmente sem propósito, uma parte apelativa de um jogo que funcionaria muito bem sem isso. Claro que se não tivesse estes mini-games, o que teríamos aqui não seria um bishōjo game, então reconheço que talvez o problema seja a minha mentalidade pouco acostumada com o erotismo inerente ao gênero que esteja reclamando tanto. No Japão, o gênero é um sucesso, e eu ainda não estou acostumado com isso.

Para quem é fã do gênero bishōjo ou simplesmente está a fim de um RPGzinho simpático para curtir no VitaCriminal Girls 2 é uma boa pedida. Só fique ligado na classificação etária do game, e tente não jogar este game perto dos seus pais, ou da sua namorada… e basicamente, de qualquer pessoa que possa te julgar ao te ver bolinando garotas com cara de anime.

Criminal Girls 2: Party Favors foi lançado digitalmente esta semana. A versão física do game deve chegar às prateleiras estadunidenses somente na primeira quinzena de outubro.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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