A única vitória de José Carlos Pace na Fórmula 1 foi em Interlagos, autódromo que hoje leva o seu nome

29 de outubro de 2024
A única vitória de José Carlos Pace na Fórmula 1 foi em Interlagos, autódromo que hoje leva o seu nome

Quem conhece bem o circuito de Interlagos, sabe que logo na entrada há uma estátua com o rosto do piloto que batiza o local. Seu nome? José Carlos Pace, um potencial campeão na Fórmula 1, mas que teve sua carreira brevemente interrompida devido a um acidente aéreo. Sua única vitória na categoria, que era pra ter sido a primeira de muitas, aconteceu em Interlagos, no GP do Brasil de 1975. E, com isso, o piloto entrou no rol dos pilotos brasileiros que, juntos, somam 101 vitórias na F1.

Naqueles dias, a corrida brasileira acontecia no início da temporada, e por isso, aconteceu em um ensolarado 26 de janeiro, em um ambiente totalmente preparado para uma festa para Emerson Fittipaldi. Afinal, o brasileiro era o atual bicampeão da Fórmula 1, e havia vencido as duas últimas corridas em Interlagos. E tudo parecia bem para o campeão, já que Emerson foi apenas 0,08 segundo mais lento do que o pole, o argentino Jean-Pierre Jarier.

Pace largou em sexto, e Wilsinho Fittipaldi, o outro brasileiro do grid, começou a prova em vigésimo primeiro (terminaria em décimo terceiro). Mas logo na largada, tudo parecia estar conspirando a favor de Pace, já que Emerson largou mal e foi de segundo para sétimo, enquanto Pace foi de sexto para terceiro, com Reutemann assumindo a ponta. O calor do verão paulistano cobrou o preço dos pneus de Reutemann, com Jarier retomando a ponta e Pace subindo para segundo. Enquanto isso, Emerson se recuperava, passando Jody Sheckter, Niki Lauda e Reutemann, além de Regazzoni.

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Jean-Pierre liderava com folgas, mas teve problemas com seu sistema de combustível e teve que estacionar sua Shadow, abandonando a prova e entregando a liderança para Pace, enquanto um valente Emerson, que se recuperou durante a prova, já estava em segundo. José Carlos sofreu um pouco no final da prova, com problemas nos freios de sua Brabham, mas conseguiu se manter na ponta até a bandeirada final. Assim, manteve o domínio brasileiro em Interlagos pelo terceiro ano seguido e conquistaria a sua única vitória na Fórmula 1. Comemorou sua vitória sendo carregado e ouviu o hino nacional junto com Emerson, naquela que seria a primeira dobradinha brasileira.

Na época, Emerson foi questionado se havia deixado Pace vencer, já que sua McLaren vinha melhor, e o próprio Pace afirmou que, se a corrida tivesse mais uma volta, teria terminado em segundo. Mas Fittipaldi explicou que o que fez ele terminar em segundo foi o tempo perdido na disputa com Regazzoni e sua Ferrari, que era conhecido por ser bem casca grossa na pista, e dificultar ao máximo toda e qualquer tentativa de ultrapassagem.

A única vitória de José Carlos Pace na Fórmula 1 foi em Interlagos, autódromo que hoje leva o seu nome

Fittipaldi e Pace subiriam juntos no pódio mais uma vez, na Inglaterra, mas em posições invertidas. Pace havia estreado no automobilismo em 1963, e em 1970 foi para a Europa, avançar em sua carreira, conquistando o segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1973. Enquanto isso, estreou na Fórmula 1 em 1972, pela Williams/March, já marcando pontos naquela temporada. Já era considerado um piloto promissor, sendo escolhido como o quarto melhor piloto do mundo em 1974, correndo pela Surtees. Em 1975, ano em que venceu no Brasil, já estava correndo pela Brabham, e terminou em sexto a temporada.

Teve um ano de 1976 difícil, mas tudo indicava que 1977 seria um ano melhor, para um piloto que já tratado como um potencial campeão do mundo, cedo ou tarde. Foi segundo lugar na Argentina, mas não pontuou no Brasil e na África do Sul. Sua carreira, então, seria interrompida de forma trágica: em 18 de março de 1977, o avião em que estava bateu numa árvore da Serra da Cantareira, em Mairiporã, matando os quatro ocupantes.

Dez anos após sua vitória em Interlagos, o autódromo foi batizado como Autódromo José Carlos Pace, em sua homenagem. E, em 2024, 47 anos após sua passagem, seus restos mortais deixaram o Cemitério do Araçá, onde estava, e foram levados para o próprio Autódromo de Interlagos, onde descansa ao som dos shows e dos motores que giram por lá quase todo final de semana, seja pela Fórmula 1, ou pelos demais eventos que acontecem por lá.

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Junior Candido

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