Age of Empires Online (PC) review: gratuito, mas cheio de limitações
Age of Empires é uma franquia que já trouxe muita alegria aos PC gamers que são fãs de uma boa estratégia em tempo real. Após o fechamento do Ensemble Studios – responsável por todos os games anteriores da série – o futuro da franquia ficou incerto. Agora a Microsoft, em parceria com a Gas Powered Games e com a Robot Entertainment (que foi criada por diversos ex-funcionários do Ensemble) reinventa a franquia, com um visual bem diferente e em estilo free-to-play. Será que estas mudanças foram boas para o game?
Para começar a jogar, não há nenhum segredo, basta fazer o download do game no site oficial, instalá-lo, ter uma conta no Windows Live Marketplace e pronto. O game conta com apenas duas civilizações: gregos e egípcios. Cada um destes povos conta com uma árvore de evolução distinta, bem como arquitetura, unidades de infantaria e características exclusivas.
Age of Empires Online ganha pontos já de cara por seu visual cartunesco, que mesmo estando bem diferente do tradicional, mantém a essência da franquia. É fácil de se acostumar com o novo estilo gráfico do jogo. A interface dos menus apresenta poucas diferenças, mas é bem intuitiva e após alguns minutos você já estará familiarizado com tudo. Só o que faz falta é um atalho para visualizar as hotkeys mais rapidamente.
O departamento sonoro também vem carregado de influências, com músicas, barulhos e resmungos bem familiares, mas um ponto negativo que afeta a jogabilidade é a tradicional corneta de batalha, que avisa quando você está sendo atacado: ela simplesmente não existe, e você terá de ficar com um olho grudado no minimapa para ver como andam suas tropas.
Após criar e nomear sua capital, os primeiros passos no universo do game são realizados em uma sequência de pequenas quests que servem como tutoriais, e aos poucos vão apresentando o gameplay. Um tutorial sem dúvida é uma boa para quem nunca jogou um game da série Age of Empires, mas se você é um veterano no ramo, certamente vai se aborrecer um pouco.
As missões do tutorial são extremamente básicas – afinal, servem para apresentar ao grande público as principais mecânicas do game – e não podem ser puladas. Para piorar, algumas delas são bem longas, então não se surpreenda ao perceber que está há mais de cinco horas jogando tutoriais. Um simples botão “skip tutorial” viria bem à calhar neste jogo.
Missões tipo “construa um porto e então crie um barco de transporte para resgatar pessoas em outra ilha” são a maneira imposta para mascarar o tutorial e fazê-lo parecer divertido. Infelizmente, não funciona, e todo gamer experiente seria mais feliz se pudesse simplesmente construir o tal barco da maneira antiga, sem uma quest temática para incitá-lo a isso. Verdade seja dita, a única vantagem do tutorial é que você sobe alguns levels sem muito esforço, mas com certeza os gamers hardcore abririam mão disso para ir direto ao que interessa.
No geral, não existem grandes novidades no sistema de jogo: você precisa de aldeões para fazer o trabalho pesado (plantio, caça, mineração, corte de árvores, construção), e deve juntar recursos para aumentar sua capital, expandir seus conhecimentos tecnológicos e – o mais importante – criar um grande exército para chutar o traseiro das nações adversárias.
Cuidar da sua capital é algo que demanda tempo, mas é uma experiência divertida e recompensadora: o modo de jogo online faz um bom uso do sistema de capitais, permitindo que você dê uma espiada na cidade de seus amigos, compre e venda seus loots ou embarque em missões cooperativas. Quem curte games sociais vai adorar esta parte, pois você pode não apenas ampliar sua cidade, como também decorá-la com plantas, templos e monumentos. As construções mais importantes podem até ser decoradas por dentro, o que deve ser um atrativo extra para os gamers casuais.
Tá, e as batalhas? Pois é, elas existem e podem sim ser divertidas, desde que você não se importe com o número limitado de recursos do modo free-to-play e tenha alguns amigos para jogarem com você. Acredite, é muito fácil encontrar trolls que não dão a mínima para a estratégia e preferem atacar aos 15 minutos de jogo com os soldados mais toscos antes mesmo de evoluir sua civilização.
É claro que nem todos são assim, há quem respeite o timing necessário para que ambos possam evoluir, levantar suas defesas e preparar uma guerra bonita como deve ser. Geralmente quem faz isso são os usuários que resolveram desembolsar uma grana para obter benefícios exclusivos, e evoluem apenas o suficiente para esfregar na sua cara os recursos, tecnologias e unidades que você, jogador free-to-play, não possui.
Aí surge o primeiro problema de um jogo free-to-play com possibilidade de se comprar coisas: balanceamento. Não seria exagero dizer que apenas um ou dois itens básicos podem fazer toda a diferença no PvP. Isso é especialmente frustrante quando você enfrenta alguém que usa a mesma civilização que você (considerando que são apenas dois povos, isso acontece bastante): é deprimente constatar que os lanceiros do adversário são muito mais poderosos do que os seus simplesmente porque os dele possuem um detalhe dourado ou roxo na armadura e os seus não. O problema é que este detalhe dourado ou roxo custa uns 20 dólares.
Outro problema são as limitações do modo free-to-play: como em diversos outros games da atualidade, Age of Empires Online é gratuito, mas impõe diversas limitações que só quem é premium pode desfrutar. E a lista de restrições é bem grande: jogadores free não podem entrar em partidas PvP rankeadas, não têm acesso à vários tipos de unidades e tecnologias, possuem um limitadíssimo espaço no inventário (o que os obriga a jogar muita coisa fora para ganhar espaço), só podem experimentar uma pequena parte de uma extensa árvore de habilidades, e por aí vai.
Games free-to-play para múltiplos jogadores geralmente passam por diversas revisões e atualizações, e esperamos que isso aconteça logo com Age of Empires Online. O balanceamento, o extenso tutorial obrigatório, a escassez de recursos gratuitos… tudo precisa de uma lapidada para que o jogo se torne satisfatório para o grande público. Cru do jeito que está, Age of Empires Online só é divertido para quem pagar, e se for para jogar algo pago, preferimos tirar o pó do bom e velho Age of Empires II.
http://youtu.be/K6kkvpkgUYQ
Este review foi originalmente publicado na edição 27 da revista Arkade.