Análise Arkade: derrube os deuses do Olimpo e viaje pela mitologia grega de Apotheon

10 de fevereiro de 2015

Análise Arkade: derrube os deuses do Olimpo e viaje pela mitologia grega de Apotheon

Zeus e os deuses do Olimpo declararam guerra contra a humanidade, e somente um guerreiro destemido e poderoso pode nos salvar. Não, isso não é God of War é Apotheon! Confira nossa análise na sequência!

Apotheon é o novo game do estúdio independente Alientrap, responsável por alguns jogos bem interessantes, como Nexuiz e Capsized. Ao contrário destes títulos — que tinham uma pegada de ficção científica –, Apotheon nos leva de volta para a Grécia Antiga, seus deuses e sua mitologia.

Quase um God of War

A história de Apotheon é muito parecida com a de God of War: Zeus resolveu dar as costas para a humanidade e convenceu diversos outros deuses a fazerem o mesmo. Sem “o aval” dos deuses, os rios não tem mais peixes, o solo não dá mais frutos e a humanidade está fadada à extinção.

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No meio deste cenário nada promissor, a esperança surge na forma de Nikandreos, um bravo guerreiro (mudo, como tantos outros protagonistas) que decide reivindicar na marra a atenção dos deuses. Para isso, ele contará com a ajuda de Hera, a esposa de Zeus, que tem seus próprios assuntos a tratar com o deus e vai guiar e auxiliar Nikandreos em sua jornada.

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Começando em um vilarejo que já foi pacato, a aventura de Nikandreos irá levá-lo aos portões do Olimpo, por onde ele pode acessar os reinos de diversos outros deuses: Poseidon, Hades, Athena, Artemis e Ares são somente algumas das divindades que irão se colocar entre nosso herói e o todo poderoso Zeus. Alguns até irão ajudá-lo na boa, mas outros precisarão ser derrubados.

Explorando o Olimpo

Embora a primeira vista pareça ser apenas um jogo de ação/hack n’ slash 2D, Apotheon é muito mais denso do que isso. Os cenários são bem grandes, com muitos níveis, subníveis, corredores, portas trancadas e locais exploráveis que possuem seus próprios mapas e ramificações. Também há um pouco de MetroidVania na receita: vez ou outra você precisa de algo específico para acessar uma nova área ou abrir uma passagem, e muitas vezes você carregará uma chave por muito tempo sem sequer saber onde está a porta que ela abre.

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Cada cenário conta com diversos elementos destrutíveis (caixotes, estátuas, carroças), e o jogo conta inclusive com alguns troféus especificamente voltados para a exploração, prêmios para o jogador que tem a perseverança de destrancar certas portas “secretas”, atividade que é totalmente opcional. Na dúvida, não tenha preguiça de explorar, pois você sempre acaba encontrado (pelo menos) algumas armas e flechas pelo caminho.

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Embora não seja necessariamente um RPG, o jogo possui diversos elementos bem típicos do gênero: seu equipamento é customizável, e você pode tanto combinar armas de uma mão (espadas, lanças, maças, forcados, machados) com escudos quanto se valer de arco-e-flechas, bombas e outras armas de arremesso. Também como em um RPG, seus equipamentos invariavelmente se quebram e sua armadura se desgasta (ela pode ser reparada e melhorada, suas armas não).

Apesar de ser meio linear, Apotheon oferece certa liberdade no cumprimento das missões: cada cenário geralmente possui 3 ou 4 objetivos, que podem ser cumpridos na ordem que você quiser. Fechando as semelhanças mais óbvias com os RPGs, temos ainda baús e portas que podem ser arrombados e vendedores que comercializam armas, equipamentos, itens e receitas que lhe ensinam como criar poções e remédios.

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Além dos deuses que você deve obrigatoriamente encontrar durante sua campanha, existem outros que estão “de bobeira”, mas trazem suas contendas. Dionísio, o deus do vinho, irá te desafiar para um concurso de bebedeira: você precisa beber vinho de todas as fontes antes que o tempo acabe e seu personagem “apague”. E acredite, isso é bem difícil!

Confronto com os deuses

Entre a exploração e a coleta de itens, o combate se faz muito presente. Em certos lugares (como os corredores do Olimpo), o simples ato de destruir um elemento do cenário faz com que os guardas se voltem contra você, então é bom estar sempre preparado.

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Um detalhe interessante é que possível alternar entre as armas a qualquer momento de maneira bem simples — usando o direcional digital –, e quase todas elas podem ser arremessadas, o que garante um bom dinamismo aos combates. Você pode ir do combo “espada + escudo” para o “arco-e-flecha” em um clique, e experimentar outras variações mesmo no calor do combate.

Em uma configuração de botões que até lembra um pouco a série Dark Souls, no PS4 o gatilho esquerdo (L2) é responsável pelo escudo, enquanto o direto (R2) cuida dos golpes meele e o O serve para esquivas e rolamentos. Bombas são atiradas com o R1, mas atenção, pois para usar flechas e armas de arremesso, você precisa mirar com o analógico direito para só então disparar.

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Este não é um layout muito comum em jogos 2D e causa certa estranheza no início, mas com o tempo até dá para se acostumar. O que é essencial, pois os chefes do game são bem desafiadores e nos enfrentam em batalhas bem criativas.

Artemis, por exemplo, é a deusa da caça. Quando a encontramos, a deusa afirma que Nikandreos é um grande caçador, mas será que ele é uma boa presa? Então ela o transforma em um cervo, e só o que podemos fazer é fugir. Ao passarmos por um checkpoint específico, os papeis se invertem: a deusa vira o cervo e nós é que devemos caçá-la pelo cenário.

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Uma boss battle bem diferente do convencional!

Um jogo com cara de pintura

Por tratar de mitologia grega, Apotheon adota um visual que remete diretamente à arte da Grécia antiga, mais precisamente ao tipo de pintura utilizado para decorar vasos e ânforas.

O resultado disso é que temos um jogo que realmente parece uma pintura grega em movimento. Dos personagens aos cenários, passando pelos simples padrões geométricos que decoram os ambientes, tudo é fiel ao estilo artístico grego.

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Isso cria algo bem diferente do que estamos acostumados a ver e, justamente por isso, muito legal. Games como Patapon e Outland já brincaram com isso antes, mas aqui o que chama atenção é justamente o respeito à arte grega.

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O departamento sonoro também faz bonito: as dublagens são muito bem executadas, e a trilha sonora segue aquele estilo “épico” que toda obra cujo tema são deuses e divindades mitológicas deve ter, com muitos corais e orquestrações. Nada de vozes ou legendas em português: infelizmente, o jogo está 100% em inglês.

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Ofusca esse capricho um bug bem irritante: em mais de uma ocasião, o jogo simplesmente “deu pau” (a famosa “falha de aplicativo”, no PS4), voltando pra dashboard do console e me obrigando a iniciar de novo. Nada que um save point/checkpoint não resolva, mas isso aconteceu meia dúzia de vezes comigo (em uma delas perdi uns 25 minutos de progresso) e alguns amigos também tiveram esse problema.

Conclusão

Confesso que eu esperava “menos” de Apotheon. Achei que ele seria somente um side scroller de porrada com visual estiloso, e me enganei. Ele é muito mais denso, complexo e cheio de conteúdo do que parece à primeira vista, e esse tipo de surpresa sempre é boa.

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E se considerarmos que o jogo pode ser baixado de graça no PS4 por assinantes PS Plus (até o fim do mês) e oferece mais de 8 horas de muita mitologia, combate e exploração, não tem como não recomendar Apotheon para qualquer um que seja fã de uma boa pancadaria mitológica.

Apotheon foi lançado no dia 3 de fevereiro, com versões para PC e Playstation 4.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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