Análise Arkade: Chambara ressuscita o bom e velho multiplayer em tela dividida com muito estilo
Precisando de um “multiplayer de sofá” para se matar com sua família ou seus amigos? Se você tem um PS4, que tal experimentar Chambara, um jogo de “esconde-esconde” entre ninjas muito divertido e imprevisível?
No mínimo 2, no máximo 4
A primeira coisa que você precisa saber sobre Chambara é: ele é um jogo pensado para multiplayer local com tela dividida. Com isso eu quero dizer que não há nenhum modo de jogo para um jogador. Nenhum mesmo. Sem (no mínimo) 2 controles conectados, você sequer consegue passar do menu inicial do game, e dá de cara com isso:
Faz falta um modo de jogo single player? Até faz. Acho que poderia haver pelo menos um tutorial ou umas arenas contra bots que pudessem ser aproveitadas por apenas um jogador. Mas não tem. Então, se você não tem pelo menos mais 1 pessoa para jogar contigo, esqueça: Chambara não tem nada para você.
Ah e é 2 ou 4, viu? Não é possível jogar em 3 pessoas, até porque os jogadores são divididos em 2 times, então sempre deve ser no mínimo 1 x 1 e no máximo 2 x 2.
Esconde-esconde em alto contraste
Por ser totalmente multiplayer, não espere história, campanha, nem nada do tipo. Chambara vai direto ao ponto: ele é um deathmatch de arena para partidas 1 x 1 ou 2 x 2. Escolha suas armas, selecione um cenário — ou forme uma “playlist” com vários cenários em sequência — e bora para a arena bancar o predador e caçar os amigos sem ser detectado.
Basicamente, há um time de corvos (cores escuras) e um time de pombos (cores claras). Pois é, os personagens são corvos e pombos. O objetivo é simplesmente “caçar” o time adversário. Quem acabar com todas as vidas do time inimigo primeiro, ganha. Simples assim.
Claro que há um diferencial aqui, e ele está no visual: minimalista e estiloso, as arenas são constituídas basicamente de duas cores principais: preto e branco, rosa e verde, azul e vermelho, etc., com detalhes em outras cores. Se você é um corvo, fica praticamente invisível nas áreas escuras. Se for um pombo, consegue “desaparecer” nas áreas claras. E é aí que a magia acontece e Chambara vira um jogo estratégico de stealth e improvisação.
Confira abaixo um partidinha rápida com 4 jogadores:
Like a ninja
Apesar da perspectiva em primeira pessoa, Chambara não é um FPS. Você sequer tem armas de fogo, contando apenas com um shuriken — capaz de atordoar e “tornar colorido” um inimigo por alguns segundos — e um bastão, responsável por nocautear de vez o oponente.
Ou seja, ao invés de sair atirando a esmo, este é um jogo para ser curtido em modo stealth: mova-se sorrateiramente — sempre respeitando as cores do cenário — aproxime-se de seu alvo com cautela, posicione-se em um lugar estratégico para ficar “de tocaia”… o segredo aqui é não dar bandeira, estudar o ambiente e esperar que alguém do time adversário marque bobeira.
O jogo preza tanto por esse estilo stealth que há até um botão que te permite “fechar os olhos”, tornando o seu lado da tela — multiplayer tela dividida, lembra? — apenas um quadrado da cor do seu time. Com isso você não enxerga o que está fazendo, mas os inimigos também não podem tentar adivinhar em que lugar do cenário você está ao olharem pra sua tela. Com um pouco de habilidade, você pode tentar se localizar através da tela dos outros jogadores e elaborar armadilhas épicas!
Claro que simplesmente ficar parado no mesmo lugar não é necessariamente uma boa ideia: há elementos móveis pelas arenas que podem entregar sua localização, e como você só tem um shuriken, invariavelmente vai precisar ir buscá-lo caso erre o alvo. A questão não é ficar sem se mover, mas saber como se mover like a ninja para não ser detectado.
Audiovisual
Apesar do tom minimalista, Chambara é um jogo de visual bem estiloso. Eu adoro o contraste de ores que ele apresenta, e aqui isso é ainda mais legal por ir além da estética em si: as cores acabam se tornando uma peça importante do gameplay, pois Chambara é essencialmente um “esconde-esconde” entre cores claras e escuras.
Claro que nem só de preto e branco se faz o game. Cada cenário possui uma terceira cor — verde, roxo, azul, amarelo — que é salpicada em certos objetos e acrescenta mais variedade e beleza ao conjunto da obra. Esta terceira cor também se aplica aos shurikens e aos restos dos inimigos derrotados, depois que eles “explodem”.
Nem todas as combinações ficam boas, no entanto. Abaixo você confere um gameplay em uma arena rosa/roxa/verde que ficou meio estranha. Não compromete o gameplay, só é meio feinho, mesmo:
A trilha sonora é muito legal, batidas eletrônicas sutis que vão crescendo conforme os combates se desenrolam, sem nunca ficarem barulhentas demais. Os efeitos também são minimalistas, o que ajuda as partidas a não se tornarem uma bagunça cacofônica. No geral o departamento sonoro se omite em prol da serenidade.
Conclusão
Pode não parecer a primeira vista, mas Chambara é um jogo muito divertido para se jogar com os amigos. Ele me fez lembrar dos bons tempos que eu passei em locadoras, pagando por hora para jogar GoldenEye 007 em tela dividida no Nintendo 64 com a molecada da vizinhança.
Claro que a experiência aqui é menos frenética que em GoldenEye, mas a diversão propiciada pelas partidas é tão contagiante quanto. A logística da coisa pode ser complicada — hoje em dia é meio difícil reunir 4 pessoas (e 4 controles) –, mas sem dúvida o esforço será recompensado por boas horas de diversão descompromissada na frente da TV.
Este é um jogo simples, criativo e estiloso, que mistura visual com gameplay de forma muito interessante e ressuscita em grande estilo o bom e velho “multiplayer de sofá com tela dividida” que fez tanto sucesso na segunda metade dos anos 90. Esqueça o online: compre uns petiscos, umas bebidas e reúna seus amigos em casa para umas partidinhas. É muito legal, para variar.
Chambara foi lançado em 26 de julho para o PS4. Em breve, o game deve chegar também ao Xbox One. O jogo está todo em inglês.