Análise Arkade: a diversão nostálgica de Dungeons & Dragons: Chronicles of Mystara (PC, PS3, X360, Wii U)
Prepare-se para muita pancadaria em um mundo mágico dominado por magos, quimeras, gárgulas e demônios: é a nossa análise da saudosa coletânea Dungeons & Dragons: Chronicles of Mystara que a Capcom lançou recentemente nas redes Steam, PSN, Nintendo e-Shop e Xbox Live!
Dungeons & Dragons dispensa apresentações: o rico universo deste clássico dos RPGs já rendeu obras nas mais variadas mídias. Uma destas obras memoráveis foi lançada pela Capcom no início da década de 90, Dungeons & Dragons: Tower of Doom, que posteriormente recebeu uma sequência, Dungeons & Dragons: Shadow Over Mystara.
E são estes dois games que integram esta coletânea, mais uma prova de que apostar nos clássicos anda dando certo para muitas empresas. O que temos aqui é uma mistura refinada de beat’ em up com RPG, com classes de personagens, muitas relíquias e artefatos mágicos e, claro, altas doses de pancadaria fantástica.
Sendo um dos últimos remanescentes da “era de ouro” dos beat’ em ups nos arcades (época que nos brindou com clássicos como Captain Commando, Final Fight, Cadillacs & Dinosaurs e Teenage Mutant Ninja Turtles), o game traz para o conforto de nossos lares tudo aquilo que a gente conhecia nos arcades, inclusive a possibilidade de multiplayer local para 4 jogadores!
No primeiro jogo, Tower of Doom, temos 4 classes de personagens para escolher: Fighter, Cleric, Dwarf e Elf. Como de praxe, cada uma destas classes possui habilidades bem distintas (elfos são melhores com magias, anões são mais fortes em ataques físicos, mas mais lentos, e por aí vai).
Já em Shadows Over Mystara, duas novas classes foram acrescentadas: desta vez temos Fighter, Cleric, Dwarf, Elf, Magic-User e Thief. Como era de se esperar, estas novas classes trazem novas habilidades e mecânicas de jogo. A Thief, por exemplo, é capaz de ficar invisível, enquanto o Magic-User possui uma espécie de teleporte.
Este considerável leque de personagens e classes abre espaço para o que Dungeons & Dragons tem de melhor: seu multiplayer cooperativo. Em ambos os games, temos a possibilidade de gameplay cooperativo local, e não há nada mais divertido do que juntar mais três amigos para espancar goblins, trolls, quimeras e outras criaturas fantásticas.
Quem curtiu este jogo em seu formato original na década de 90 vai se sentir em casa aqui: não houve nenhuma mudança drástica na jogabilidade, este é essencialmente o mesmo jogo. Temos botões de ataque e pulo, bem como uma roleta de itens/habilidades especiais, além de comandos inovadores no gênero (para a época), como dash e defesa.
Até mesmo em seus aspectos técnicos o game é igual: os bons e velhos sprites 2D ainda são os mesmos, bem como a trilha sonora e os efeitos. Por um lado, isso é uma pena, pois esse visual 2D sem dúvida ficaria incrível em alta definição.
Mais ou menos como fez com Darkstalkers Resurrection, a Capcom optou por acrescentar bordas nos cantos da tela e alguns filtros que “disfarçam” o visual datado dos games, permitindo até mesmo que eles rodem em tela cheia. Para os saudosistas isso sem dúvida está de bom tamanho, mas é difícil não pensar que esta série poderia muito bem ganhar o mesmo tratamento “vip” que recebeu Super Street Fighter II Turbo HD Remix.
Porém, se considerarmos que algumas destas tentativas de modernizar clássicos não deram muito certo (vide Double Dragon Neon e Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time Re-Shelled), talvez seja melhor mantermos os clássicos intactos, mesmo.
Para quem não tem 3 amigos (ou 3 controles extras) para jogar na mesma sala, não há problema: valendo-se das maravilhas da internet, o game possibilita a jogatina online cooperativa. Deste modo cada um joga da sua casa, e a pancadaria come solta do mesmo jeito.
Outra novidade muito bem-vinda é o sistema de conquistas/troféus: como todo bom jogo moderno (mesmo que seja um relançamento), os dois títulos contam com dezenas de conquistas desbloqueáveis e leaderboards online.
Além disso, os fãs vão gostar de saber que praticamente tudo o que você faz no game lhe rende moedas virtuais, que podem ser trocadas por artes conceituais, trechos de trilha sonora e diversos outros mimos que, em um jogo desta idade, são verdadeiras relíquias digitais!
Um ponto negativo que não e necessariamente culpa do game é a falta de desafio. Veja bem, não estou dizendo que o jogo é fácil demais, é que, jogá-lo hoje, sem a necessidade das boas e velhas “fichas”, é muito fácil, pois temos continues ilimitados. Morreu? Basta apertar start e continuar jogando.
Claro que ninguém gosta de gastar mais e mais dinheiro em fichas, mas parece que este desafio proporcionava uma sensação de conquista muito mais forte: chegar ao final gastando poucas fichas era um feito notável. Agora, com créditos infinitos, a coisa fica bem mais simples e menos grandiosa.
O lado bom disso é que você pode curtir o game várias vezes. Se considerarmos que as campanhas possuem bifurcações, onde devemos escolher um caminho para prosseguir, os créditos ilimitados são uma mão na roda, pois permitem que visitemos todas as áreas possíveis (em diferentes partidas, claro), algo que dificilmente faríamos na época das fichas.
Vale ressaltar que além de artworks, podemos comprar (com moeda digital) as House Rules, que emulam as regras dos RPGs, alterando algumas regras padrões do jogo. Na prática, isso deixa o jogo consideravelmente mais difícil, pois aqui podemos habilitar o recurso de “última ficha”: morreu, é game over, sem choro nem vela.
O único problema é que todas as House Rules são bem caras, ou seja, para comprá-las você terá que jogar muitas e muitas vezes. Apesar disso, esta é uma adição bacana, e consegue aumentar bastante o fator replay do game.
Considerando seu preço – apenas U$15/R$24,99/1200 MS Points – Dungeons & Dragons: Chronicles of Mystara sem dúvida é uma boa aquisição. Não só pelo fator nostalgia, mas porque ele mistura de maneira muito competente elementos de beat’ em up e RPG.
Se você curtiu estes clássicos nos arcades, sem dúvida vai gostar de poder jogá-los de novo, especialmente com os amigos. Se você não é desta época, esta pode ser uma ótima oportunidade para você conhecer um pouco mais destes jogos que fizeram história.
E que a Capcom continue relançando seus clássicos. Pessoalmente, aguardo ansioso pelos relançamentos de Cadillacs & Dinosaurs e Captain Commando!