Análise Arkade: Shape of the World é um passeio psicodélico e surreal
Tem horas que a gente só quer relaxar na frente do videogame, curtindo paisagens coloridas enquanto deixamos o stress do dia para trás. Se você está a fim de um game desse tipo, Shape of the World foi feito para você!
Sem história, apenas exploração
Shape of the World não traz uma história, nem uma narrativa do jeito tradicional. Ele é até mais subjetivo do que Journey, por exemplo, pois aqui não há painéis ilustrados para encontrarmos, nem nada do tipo: somos só nós e o vasto mundo em constante mutação do game.
Não sei dizer se gosto ou não desta “falta de história”, mas ela me parece cumprir um único propósito, que é deixar o jogador livre e sem amarras, para que ele possa apenas explorar e curtir as sensações que o jogo proporciona.
Talvez haja alguém por aí encontrando significados ocultos no game, mas ouso dizer que isso é fruto do nosso hábito de querermos racionalizar tudo. Se há pinturas que podem ser simplesmente abstratas, porque um jogo — que também é uma forma de arte — não pode ser assim também?
Semeando um mundo em formação
Ao contrário das pinturas, porém, aqui temos algo que pode ser considerado um norte para nossa jornada: estamos em um mundo em contante evolução, e nosso objetivo é encontrar portais triangulares, que expandem nossos horizontes para que possamos continuar explorando.
Ou seja, mecanicamente o que temos aqui é um walking simulator. O que há de mais elaborado é que, utilizando o gatilho direito do controle, podemos tocar em árvores, criaturas e elementos do cenário, enquanto o gatilho esquerdo nos permite atirar sementes, que podem virar diferentes tipos de árvores, plantas ou elementos, de acordo com o tipo de solo onde caem.
Há também certas formações que devem ser “erguidas” para que uma passarela luminosa apareça, guiando-nos até uma nova área. Confira no vídeo abaixo os primeiros 13 minutos de gameplay para entender mais ou menos qual é a vibe do game:
Cutucar coisas próximas geralmente faz com que elas desapareçam, nos “puxando” em um pequeno boost de velocidade. Não se incomode em sumir com algumas plantas, pois você é livre para semear quantas outras quiser enquanto explora, e o próprio jogo vai fazendo brotar muitas outras a todo momento.
Cores e sensações
A cada vez que atravessamos um portal em Shape of the World, o mundo tinge-se com novas cores, e novos tipos de fauna e flora invariavelmente surgem ao nosso redor. Há árvores de todas as cores, lagos e toda uma variedade de criaturas que parecem saídas de um sonho maluco.
É um jogo bem bonito, ainda que tudo seja bastante vago. É fácil reconhecer árvores e estalactites, mesmo com as cores se misturando e as formas se fundindo a todo momento. Explorar — que é só o que temos para fazer aqui — torna-se um prazer simplesmente para vermos o que o jogo irá nos mostrar em seguida.
Essa vibe onírica é potencializada por uma trilha sonora etérea e relaxante, que ecoa suave e deixa o jogador quase em um transe para que ele possa curtir sua viagem. Sei que isso faz o jogo parecer quase uma viagem de ácido, e tenho minhas dúvidas se ele não traz de propósito uma letargia quase entorpecente, tal qual Child of Eden e outros jogos do tipo.
Conclusão
Shape of the World é tão mecanicamente simples que quase nem pode ser chamado de game. Ele é mais uma experiência sensorial, um exercício de relaxamento onde somos livres para explorar, sem se preocupar com barra de vida, inimigos, cronômetro, score, nem nada do tipo.
Não há realmente muito para se fazer aqui, exceto contemplar a beleza psicodélica e em constante mutação que o mundo do game oferece. É um jogo bem de nicho, e vai encontrar seu público em pessoas que querem usar o videogame para aliviar o stress, nem que seja passeando por um mundo psicodélico em um jogo altamente abstrato.
Shape of the World foi lançado em 5 de junho, e está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.