Análise Arkade – Skull and Bones tem navegação turbulenta, mas mares cativantes
Skull and Bones finalmente chegou após um dos desenvolvimentos mais tumultuados, marcado por adiamentos e mudanças atrás de mudanças. O jogo pode ter tido um reboot, foi adiado em 2021, estava esperado para 2022, foi adiado pela sexta vez e, enfim foi lançado em fevereiro deste ano.
O interessante é que, mesmo diante das adversidades, a Ubisoft permaneceu firme e, ao menos pelo que observamos por fora, jamais cogitou o seu cancelamento. Assim, a companhia mostra observar potencial em seu projeto, embora saiba que tal posição poderia resultar em um jogo quebrado, fragmentado e que não entregaria tudo o que foi desejado no início de seu desenvolvimento.
A proposta de Skull and Bones é simples e clara: dominar os mares do game com seu pirata, explorando tudo o que a liberdade dos jogos da Ubisoft promete. E como a companhia já tinha o know-how de piratas e navios, com seus jogos Assassin’s Creed, havia boas expectativas, mesmo com os jogadores sabendo de antemão que seria uma aventura própria, sem nada inspirada na famosa saga dos assassinos.
E, assim como nos games citados, em especial Black Flag, Skull and Bones atraiu a atenção de quem gosta do tema, e de jogos on-line, por propor mais liberdade do que o jogo Assassin’s Creed oferecia, com um navio para ser gerenciado e a liberdade de exploração, combates e a sempre bem vinda busca por tesouros.
O início da jornada coloca o jogador como um sobrevivente de uma batalha naval desastrosa, fazendo você, o pirata sobrevivente, primeiro lutar para se manter vivo, e depois sendo introduzido, pouco a pouco, em uma narrativa mais completa. Mas não espere por nada “épico” não, seu enredo é bem simples, e aqui cumprem apenas o papel de contextualizar o que deve ser feito.
A mecânica de jogo é centrada em missões, sejam principais ou secundárias, em uma dose cavalar. Isso resulta em algo já esperado: algumas missões incríveis e divertidas, que caminham lado a lado com missões chatas e desinteressantes. Encher um game de missões, logo de cara, não deixa de ser uma espécie de “loteria”, fazendo com que você passe horas envolvido em missões divertidas e queira desligar o videogame se engatar missões tediosas, como a de buscar itens pelo mapa.
Entre as coisas que fazem o jogador curtir jogar Skull and Bones, temos as batalhas no mar. Se você curtiu não só Black Flag, mas todas as batalhas possíveis em Assassin’s Creed, você irá adorar Skull and Bones, já que por aqui os navios são mais customizáveis e os combates são realmente divertidos. Navegar pelos mares também é divertido, já que você pode montar um navio ao seu agrado, com direito a um “turbo” temporário com suas velas, ou colocar maior capacidade de carregar itens, para seu navio não ficar pesado demais, e mais difícil de se manobrar.
Mas uma coisa que achei interessante, em Skull and Bones, é o funcionamento do “ecossistema Ubisoft” no game. O know-how em vários tipos de jogos acaba trazendo um elemento ou outro de outro game. Os combates de navios de Assassin’s Creed se unem ao jeitão The Crew de “jogo sempre online”, com um pouquinho de The Division mais a exploração de Far Cry. Pena que, isso garante acertos e erros.
E talvez, o maior problema aqui, ao menos por enquanto, está na terra. Se no mar o jogo é muito divertido, em terra você não tem muito o que fazer, além de contar com um controle muito simplório, ainda mais em um game que propõe liberdade de exploração. O que nos faz entender que o mar foi bem trabalhado, mas a terra foi lidada com um pouco de pressa.
Temos aqui, vários “tipos de jogos” em um: a exploração em mar, a exploração por terra, o comércio com portos e o ataque e pilhagem de navios, portos e checkpoints. Não consigo “cravar” que o game possa ser divertido ou não para você, pois gostos pessoais vão ser, mais do que nunca, fundamentais aqui. Apenas posso dizer que, se o seu interesse em Skull and Bones for focado no mar, o game tem tudo para te divertir. Agora, se você esperava mais do que isso, talvez seja melhor esperar possíveis melhorias.
Mas a soma de tudo, pelo menos no lançamento, ainda é confusa. Esta coisa de “divertir numa hora e cansar em outra” não é nada saudável, ainda mais quando falamos de um game online, cheios de alternativas. Ao menos, por ser exatamente um jogo online, ele pode ser “reimaginado” durante sua vida útil, com os feedbacks sendo traduzidos em novidades ou melhorias, garantindo que o jogo fique mais interessante com o passar dos meses.
Isso seria muito difícil em um jogo single-player, mas ao menos a estrutura de Skull and Bones nos dá essa esperança de ver tais melhorias chegando com o passar do tempo. Ao menos, nós tivemos uma boa notícia. Embora seja um game visualmente inferior ao que temos hoje em dia, incluindo jogos da própria Ubisoft, ao menos o game chegou sem nenhum grande problema.
Sei que é duro ter que tratar algo que deveria ser obrigatório como um “ponto positivo”, mas em dias que jogos chegam quebrados, demonstrando pouco respeito a quem paga — caro — neles, é bom ver um game que depende de servidores e bom desempenho chegar desde seu primeiro dia funcional.
Mas a falta de consistência na proposta do jogo, aliada a uma enxurrada de missões e o já dito “empolga mas cansa ao mesmo tempo”, resulta em uma experiência que pode decepcionar alguns. A Ubisoft entregou um produto tecnicamente ok, mas que ainda falha em conseguir navegar em mares menos turbulentos. Ao menos o fato de ser um jogo livre para mudanças e melhorias online nos faz esperar que, com o passar dos meses, a Ubisoft ouça seus jogadores e entregue, nos próximos meses, uma experiência que consiga ser mais constante.
Skull and Bones já está disponível, para consoles PlayStation, consoles Xbox e PC.
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