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Análise Arkade: o retorno triunfal de Lara Croft no reboot de Tomb Raider (PC, PS3, X360) - Arkade | Arkade

Análise Arkade: o retorno triunfal de Lara Croft no reboot de Tomb Raider (PC, PS3, X360)

17 de março de 2013

Análise Arkade: o retorno triunfal de Lara Croft no reboot de Tomb Raider (PC, PS3, X360)

Uma das personagens mais queridas do mundo dos games está de volta: Lara Croft recomeça sua carreira do zero no reboot de Tomb Raider, e você vai saber tudo sobre o game em nossa análise completa!

Criar um reboot deve ser um processo extremamente tenso. Por um lado, existe a pressão de reinventar algo que (geralmente) já é muito famoso e querido por milhões de pessoas. Por outro, a complicada missão de prestar homenagem à obra original, ao mesmo tempo em que recria seu universo praticamente do zero. Qualquer deslize pode resultar em uma devastadora avalanche de críticas de “fanboys” e “haters” do mundo todo.

Felizmente, se um reboot é conduzido por mãos competentes, ele pode não só reintroduzir uma franquia já clássica a novos (e velhos) jogadores, como também tornar-se referência e abrir as portas para uma nova e próspera franquia. Se você estava apreensivo, anime-se, pois é exatamente isso que o novo Tomb Raider faz pela (até então) desgastada série da mais famosa aventureira do mundo dos games.

E já de cara este jogo se esforça para apagar a imagem da Lara Croft rica, segura e destemida de outrora: a nova Lara é uma pesquisadora que viajava com um grupo de documentaristas pelos inóspitos mares do Dragon’s Triangle, quando uma violenta tempestade destrói sua embarcação.

Análise Arkade: o retorno triunfal de Lara Croft no reboot de Tomb Raider (PC, PS3, X360)

Lara escapa por pouco da morte, porém,ali seu pesadelo estaria só começando: o naufrágio a leva para uma ilha misteriosa e nada amigável: além de muitos abismos, cavernas e animais selvagens, o local é a sede de um bizarro culto que não gosta muito de invasores, e vai caçar incansavelmente nossa aventureira. Nesta nem tão hospitaleira paisagem, seu único objetivo é sobreviver.

Este instinto de sobrevivência fica evidente logo no início do jogo, que coloca Lara em situações realmente intensas, algumas até chocantes. São eventos tão dramáticos que conseguem “fisgar” o jogador já de cara: em menos de uma hora de jogo, você já estará totalmente imerso no drama de Lara Croft, e mantê-la viva depois de tudo isso (e fazer seus captores pagarem, claro) será uma questão de honra.

A trama do game ganha pontos por conseguir formar um laço realmente forte entre jogador e protagonista. O roteiro até entrega algumas reviravoltas aqui e ali, mas sem dúvida o que realmente se destaca é a força da personagem Lara Croft, e acompanhar sua evolução e seu amadurecimento é uma experiência recompensadora. É um fato: a nova Lara Croft é orgânica, autêntica, e gera muito mais empatia ao jogador do que qualquer uma de suas versões anteriores.

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E ela ainda pode ser “moldada” como o jogador preferir (sem malícia): bebendo um pouco na fonte dos RPGs (e do recente Far Cry 3), as habilidades de Lara podem ser melhoradas em três frentes diferentes: Survivor, Hunter e Brawler. Cada uma destas árvores de evolução conta com habilidades bem específicas, que irão melhorar o desempenho da protagonista de diferentes maneiras, permitindo, por exemplo, que Lara ganhe mais precisão de mira, atire terra nos inimigos para cegá-los temporariamente ou encontre mais loot no corpo de seus oponentes caídos.

Vale lembrar ainda que todo o arsenal de Lara pode ser melhorado, o que não só deixa suas armas mais fortes, como também abre novas maneiras de utilizar seus equipamentos tanto no combate quanto na exploração.

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Claro que tudo isso vai aparecendo com o tempo. O básico do jogo está em explorar, e isso se faz correndo, saltando, se pendurando, escalando, atirando. Tudo isso é apresentado sem pressa, pois o game mascara seus tutoriais na forma de pequenas missões para fazer o jogador se familiarizar com suas mecânicas.

A curva de aprendizado, porém, é bem amigável, dando ao jogador tempo para se acostumar com os controles antes de empurrá-lo para situações mais complexas. Para manter as coisas interessantes, o game vai entregando novas armas, equipamentos e habilidades de maneira progressiva, de modo que o jogador está sempre aprendendo coisas novas, que possibilitam que ele chegue a lugares antes inacessíveis. Não importa o quanto você avance, haverá um novo lugar para ir sempre que você descolar um novo equipamento ou habilidade.

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Felizmente, por ser um pseudo-jogo de de mundo aberto, estas idas e vindas não ficam com cara de backtracking. O prático sistema de fast travel incorporado aos acampamentos permite que você viaje com rapidez pela ilha, ou seja, revisitar algumas áreas não se torna um processo excessivamente longo ou cansativo, e há sempre uma boa recompensa para fazer valer o esforço. Explorar a imensa ilha é algo prazeroso, desafiador e muito divertido.

Para fazer jus ao título – Tomb Raider – obviamente temos tumbas e cavernas que podem ser desbravadas. Geralmente secretos e opcionais, estes lugares oferecem um ótimo desafio, pois colocam o jogador para raciocinar e utilizar o que tiver em mãos para resolver puzzles conceituais que em sua maior parte são interessantes, oferecendo um bom desafio para quem planeja “platinar” o game.

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A jogabilidade bebe na fonte de outros jogos de ação recentes – Uncharted é o primeiro que nos vem à mente, por razões óbvias – mas é bom vermos que aqui não temos apenas uma mera cópia: Tomb Raider incorpora elementos familiares ao seu próprio sistema de jogo, que é bom o bastante para conceder identidade ao game. Alguns clichês dos games (e filmes) de ação e aventura estão aqui, mas há sempre algo novo, que torna situações já manjadas novamente frescas e emocionantes.

Os famigerados quick time events também estão presentes aqui, mas geralmente são incorporados em situações dramáticas: ao contrário de Resident Evil 6, que utiliza quick time events até para abrir portas ou ligar carros, aqui você precisará fazer isso para Lara escapar de uma armadilha mortal, o que torna este recurso muito mais interessante.

Obviamente não só de exploração é feito o novo Tomb Raider. Lara Croft terá que enfrentar diversos inimigos, entre humanos inescrupulosos e feras selvagens. Em ambos os casos, ela pode contar com seu arco-e-flecha e seu versátil martelo de alpinismo, além de rifles, metralhadoras e outras armas de fogo que são encontradas no decorrer da campanha.

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O combate nunca foi algo muito explorado nos jogos anteriores (onde o que Lara podia fazer era, basicamente, atirar com suas duas pistolas e outras armas), mas aqui temos uma quebra total deste conceito: para sobreviver, Lara precisa matar, e estas mortes podem ser causadas das mais variadas formas, do silencioso tiro certeiro de uma flecha à uma sangrenta “martelada” na cabeça do inimigo.

Muitos dos confrontos são inevitáveis, mas você geralmente pode escolher como derrubar seus inimigos: é possível utilizar uma abordagem stealth – combinando flechadas precisas com takedows – ou a matança menos sutil em combate direto ou com armas de fogo. O sistema de combate funciona bem em qualquer situação, e sem dúvida torna esta nova aventura de Lara Croft mais intensa (e sangrenta) que as anteriores.

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O visual do jogo é outro ponto que merece destaque: a modelagem e as animações dos personagens (especialmente de Lara, óbvio) estão muito realistas e naturais. Ela não é mais uma ginasta olímpica, mas uma sobrevivente que tropeça, machuca-se, tem dificuldades para escalar um barranco ou empurrar algo pesado. Isso a torna ainda mais humana, e a própria ilha que desbravamos é muito verossímil e detalhada, embora faça uma pequena salada misturando vida selvagem com templos de civilizações antigas e construções da II Guerra Mundial (algo que também vimos no recente Far Cry 3).

Efeitos de iluminação, chuva e roupas molhadas também são ótimos. As expressões faciais são convincentes na maior parte do tempo, o que deixa o jogador ainda mais próximo dos dramas da jovem Srta. Croft.

Tudo isso fica ainda melhor com o sistema de câmera do jogo. O que é um problema para muitos jogos aqui é a solução, pois a câmera não só está sempre bem posicionada, como ainda adota perspectivas extremamente cinematográficas, que aumentam ainda mais a adrenalina em momentos de tensão, dando-nos a real dimensão dos perigos que Lara encara.

Análise Arkade: o retorno triunfal de Lara Croft no reboot de Tomb Raider (PC, PS3, X360)

E momentos de tensão é o que não faltam neste game, pois a Crystal Dynamics conseguiu criar um jogo que se aventura por diversos gêneros: a exploração segue o estilo padrão dos jogos de aventura, enquanto alguns tiroteios utilizam mecânicas de cobertura semelhantes ao que já vimos em Gears of War e Max Payne.

Porém, temos ainda as generosas pitadas de stealth, que coroam trechos claustrofóbicos dignos de um survival horror: em um momento excepcionalmente tenso, Lara deve explorar uma obscura prisão subterrânea, e este é um daqueles momentos que nos deixa na ponta do sofá, prendendo a respiração. Lara deve se esgueirar pelas sombras, seguir seus oponentes, ouvir suas conversas e se manter em vigilância constante, pois o perigo pode aparecer de qualquer lugar.

Toda esta mistura de stealth, exploração, combate e tiroteio não parece forçada, pois unifica-se em uma jogabilidade sólida e funcional. Tudo é muito dinâmico e intuitivo, permitindo que o jogador se concentre em sua missão, e não perca tempo brigando com controles travados ou imprecisos.

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Um primoroso departamento sonoro fecha com chave de ouro a parte técnica do game: as dublagens estão muito boas, e o destaque mais uma vez vai para a protagonista, que ganha emoção pela voz e pelo talento da jovem atriz Camilla Luddington.

O tamborilar da chuva, o sopro do vento, o estampido dos tiros, a ferocidade dos rosnados e o ecoar de passos em cavernas… tudo isso é claro e cristalino, e com um bom sistema de som surround, você se sentirá realmente rodeado de ameaças invisíveis.

O que não é necessariamente um primor é o inédito modo multiplayer do game, que coloca duas equipes em mapas com objetivos específicos. Não nos entenda mal, o multiplayer até funciona, mas simplesmente não acrescenta nada ao jogo, sendo um adendo totalmente dispensável. Quer dizer, existem níveis, perks e conquistas esperando para serem destravados, mas é só isso. Não há um real propósito para as partidas online.

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No multiplayer temos modos de jogo bem conhecidos (como Deathmatch e Capture the Flag) que são disputados entre os companheiros de Lara e os seguidores do culto macabro da ilha. Entre os novos modos de jogo, temos o Cry for Help, onde o time dos mocinhos deve ativar e transportar itens, enquanto os bandidos devem impedir o progresso adversário e roubar as baterias dos tais itens.

Quem já jogou o multiplayer de games como Gears of War ou Uncharted vai se sentir em casa aqui e talvez até encontre alguma diversão. Porém, é fato que Tomb Raider conseguiria se sustentar por si só, e seu multiplayer parece estar ali apenas para suprir o que hoje parece ser uma exigência da indústria. O lado bom é que sua presença não afeta a longa campanha principal, que é onde o game realmente brilha.

http://youtu.be/oYguQHSvtDs

Tomb Raider é exatamente o que a série precisava: um recomeço digno, empolgante e intenso, que (re)apresenta uma das figuras mais icônicas do mundo dos games e abre espaço para que esta se torne (novamente) uma das maiores franquias da indústria. Jogo mais que recomendado não só para os fãs de Lara Croft, mas também para quem curte um jogo de ação e aventura de primeira linha.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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