Arkade Séries: A excelente segunda temporada de Castlevania da Netflix
Já faz mais de um ano desde que assistimos a primeira temporada da adaptação de Castlevania para a Netflix, mais precisamente a adaptação de Castlevania III: Dracula’s Curse, lançado originalmente para o NES lá em 1989. E enfim a nova temporada chegou, dando continuidade na jornada de Trevor Belmon, Sypha Belnades e Alucard em seu confronto contra o Conde Drácula.
A segunda temporada começa no exato ponto em que a primeira terminou, com Alucard se juntando ao grupo para colocar um fim na carnificina que Drácula lançou sobre a humanidade como vingança pela morte de sua esposa, Lisa Tepes. A segunda temporada possui oito episódio, o dobro da primeira, o que foi ótimo, pois permitiu que a série desenvolvesse as histórias de seus personagens de maneira melhor.
Algo que a série fez muito bem e teve como foco principal em alguns de seus episódios foi apresentar os conflitos internos de cada personagem, mostrando o sofrimento e ira que dominam Drácula, enquanto ele emprega sua vingança e relembra os momentos que teve com Lisa. Trevor, Sypha e Alucard, cada um relembrando suas infâncias e o sofrimento pelo qual cada um passou. Bem como as maquinações e conflitos que acontecem dentro do próprio Castelo de Drácula.
Uma das coisas mais legais foi ver o relacionamento entre o trio de heróis, enquanto seguiam sua aventura. Se você é fã da série nos video games, então já sabe o destino dos três, mas evitaremos spoilers mesmo assim. Uma coisa que deve ser notada é que a relação entre os três é um dos pontos mais divertidos da série, com Trevor e Alucard trocando ofensas um com o outro em toda oportunidade que tem, bem com Sypha implicando com Trevor, com ele implicando de volta com o intuito de deixa-la irritada.
Infelizmente um personagem clássico de Castlevania III: Dracula’s Curse foi deixado de fora, Grant Danasty, um personagem transformado em demônio por Drácula e resgatado por Trevor, ajudando-o na aventura. Sua falta não comprometeu a história, porém é algo que certamente deixará os fãs tristes, ainda mais por sua presença na série ter sido sugerida pela Netflix através das redes sociais, o que acabou não acontecendo.
Apesar dessa perda, novos personagens foram inseridos na série, com personagens clássicos que compunham a corte de Drácula, sendo eles Hector e Isaac, os Devil Forgemasters de Curse of Darkness, além de Carmilla, uma vampira e chefão recorrente nos jogos da série. Essa trinca de personagens foram muito bem construídos, apesar de haver uma considerável diferença em suas participações na série com suas contrapartes nos video games.
Carmilla e Hector
O parágrafo a seguir traz informações do game Curse of Darkness, com informações sobre os personagens Hector e Isaac, sendo que os eventos deste game acontecem três anos depois dos eventos de Dracula’s Curse, por conta disso, talvez algumas dessas informações sejam consideradas spoilers para a série, apesar de parte do sucesso da série estar em trazer elementos e personagens já bem conhecidos pelos jogadores. Portanto leia o próximo parágrafo por sua conta e risco! Se quiser evitar essas informações, pule para o segundo parágrafo abaixo.
Em Curse of Darkness, Hector está em uma busca de vingança contra Isaac, por este ter causado a morte de sua esposa. Hector traiu Drácula durante os eventos de Dracula’s Curse, por essa razão, Isaac quer destruir seu antigo companheiro. A série mostra uma sequência de eventos diferentes, com um final que muda por completo a relação desses personagens, mas que sugere que ainda há mais por vir, quem sabe com uma temporada nova focada em ambos os personagens, o que seria algo muitíssimo interessante de se acompanhar.
A série mantém seu belíssimo visual de desenho animado, mas dessa vez combinando cenários de pintura com as animações 2D, o que dá um belíssimo contraste visual. As animações dos personagens possuem altos e baixo, em minha humilde opinião. No geral as animações são excelentes, mas vez ou outra a movimentação dos personagens é muito dura, quase como num anime muito antigo, com pouquíssimas animações de movimento, o que pessoalmente é algo que não consigo me habituar. Apesar disso, a série como um toda tem uma fluidez de movimentos excelente, principalmente nas cenas de luta, onde o anime brilha.
Nas lutas a qualidade de animação atinge seu ápice, com muitos detalhes na movimentação dos personagens bem como incríveis animações de golpes, luzes, sangue e explosões. Com Trevor balançando a Vampire Killer, Alucard fatiando com sua espada e Sypha usando suas poderosas magias. Aliás, a segunda temporada mantém toda a violência vista no primeiro. Existem muitas mortes, desmembramentos, torturas e sangue para todo lado, sem censuras, com cenas imensamente grotescas de se assistir, mesmo num desenho animado, o que é algo ótimo para a série.
Uma das críticas à primeira temporada foi a ausência da trilha sonora original dos games, mas aqui a série se redimiu. Em uma das melhores cenas de luta da série temos como trilha sonora uma nova versão orquestrada da clássica Bloody Tears, uma das mais emblemáticas músicas da série. A cena de luta e a trilha são tão incríveis que causam um prazeroso arrepio enquanto se assiste, sendo com certeza o ponto alto dessa segunda temporada.
Além disso, essa temporada possui muitas referências a elementos dos games, como alguns itens icônicos como a cruz, Medusa’s Head e outros elementos escondidos nos cenários. Quando você estiver assistindo e chegar no ponto em que o trio de heróis busca por informações sobre como prosseguir com sua jornada, fique atento aos cenários, pois você notará muitos elementos dos games escondidos aqui e ali!
Por fim, a dublagem em português mantém seu altíssimo nível. Os personagens foram magistralmente dublados, e assistir as cenas de xingamentos mútuos entre Alucard e Trevor é algo divertidíssimo, pois não houve censura nenhuma, os palavrões comem solto de maneira verdadeiramente linda! Faça-se um favor e assista Castlevania na dublagem brasileira, pois seu trabalho foi impecável!
E assim, termina a segunda temporada de Castlevnia, que termina a aventura contada em Dracula’s Curse, mas deixando pontas soltas suficientes para uma terceira temporada. E que ela venha! Pois a terceira temporada muito certamente englobaria os eventos de Castlevania: Curse of Darkness, um dos melhores games de toda a série (e pessoalmente, o meu preferido). A Netflix nem sempre acerta em suas adaptações (cof, cof, Death Note), mas quando acerta, o resultado é incrível.
E aí, você já assistiu a segunda temporada? Conta aí pra gente o que achou dela!