Arkade VR: Twilight Path é um inteligente e breve puzzle em realidade virtual
Um dos primeiros gêneros a serem introduzidos no mundo da realidade virtual foi o dos games de puzzle. Tanto que lá em 2018 os PC gamers adeptos da realidade virtual receberam Twilight Path, um jogo simples e divertido para quem gosta de resolver enigmas diversos. No final de 2020, foi a vez do PlayStation VR receber uma versão do game desenvolvido pela Charm Games. Essa é a versão que jogamos, e que analisaremos aqui hoje.
Twilight Path é um jogo de resolução de puzzles onde o jogador, imerso na realidade virtual, precisa atravessar o Caminho do Crepúsculo para conseguir voltar para o mundo real. Porém, será preciso resolver diversos enigmas pelo caminho para alcançar tal objetivo. O jogo consegue agradar bem na construção de seus puzzles, trazendo uma experiência interessante e curiosa, sem ser frustrante ou estressante.
Entre as trevas e a luz
No início do jogo nos é contada uma história a respeito do equilíbrio entre dois mundos, um de sombra e outro de luz. Um conto de fadas padrão que envolve seres de luz e trevas, o equilíbrio entre eles e um dragão que quer dominar todos os reinos. Com isso, somos levados a uma loja de antiguidades e tudo começa a acontecer.
O jogo é movido basicamente por dois fatores que partem do jogador: curiosidade e experimentação. Isso é bem legal de se ver em um jogo de puzzle, uma vez que seus enigmas interativos e imersivos são muito mais divertidos de se descobrir dessa forma. Assim, através da resolução de alguns enigmas da loja de antiguidades, somos levados ao Crepúsculo, algo como uma ponte entre dois mundos.
Nele, se passa todo o restante da experiência do jogo, através de quatro capítulos curtos que nos levam à conclusão da história. No Crepúsculo, conhecemos dois seres que nos acompanham durante nossa breve viagem ao portal que nos levará de volta ao mundo real.
A atmosfera mística do jogo é interessante, mesmo que não se aprofunde em absolutamente nada que apresenta. Seu enredo poderia ser até mais profundo, mas a breve experiência do jogo talvez seja um dos impedimentos para que isso aconteça.
Enigmas instintivos e variados
O carro chefe de Twilight Path, logicamente, são os seus enigmas. Esses de fato são o maior acerto do jogo. A interação dos controles de movimento com os enigmas aumentam bastante as possibilidades de game design, trabalhando o raciocínio lógico de diversas formas. Durante o jogo abrimos baús misteriosos, rodamos manivelas, completamos quebra-cabeças e abrimos fechaduras dos modos mais criativos possíveis.
Indo além dos enigmas já explorados por outros jogos do gênero, aqui temos alguns que fogem um pouco do óbvio. Por exemplo, os enigmas musicais, que aparecem como formas mágicas de completar alguns objetivos do jogo. Além disso, temos momentos de manipulação do tempo interessantes, bem como testes de raciocínio lógico que não são tão comuns de se ver no mundo dos games, como um esquema de ligar pontos que usa muito bem os recursos da realidade virtual.
Com tudo isso, Twilight Path possui uma coletânea muito boa de enigmas. Todos passíveis de serem resolvidos pelo próprio jogador sem quaisquer auxílios externos. Basta, como dissemos no início do texto, o jogador ter a boa vontade de experimentar. Infelizmente, não temos aqui a possibilidade de resolver puzzles de mais de um modo, o que aumentaria mais ainda a imersão e o incentivo à criatividade. Mas isso não é necessariamente um ponto negativo também, uma vez que os puzzles são engenhosos e interessantes.
Tudo que é bom dura pouco
Se Twilight Path não peca nem um pouco em trazer sequências de puzzles bem imersivos, inteligentes e criativos para a realidade virtual, ele acaba deslizando em outro aspecto: sua longevidade. Independente de suas qualidades, o game mais parece uma versão demo de um jogo maior, visto que sua jogatina completa dura menos de duas horas.
Isso é compreensível de certo modo, visto que o jogo não é exatamente um lançamento de 2020, mas sim de 2018, onde jogos em realidade virtual tendiam a ser um pouco mais curtos mesmo. Entretanto, para um jogo lançado na segunda metade de 2020 — com tantas opções lançadas de longevidade muito maior como Marvel’s Iron Man VR, Star Wars Squadrons, Pistol Whip e outros — é preciso fazer um cálculo de custo-benefício que leva em conta o preço do jogo.
Na PlayStation Store, Twilight Path custa nada menos que R$79,90 no momento que este texto está sendo escrito. É um valor menor do que outros jogos disponíveis para o óculos da Sony, sem dúvidas. Entretanto, é um valor um pouco elevado se levarmos em consideração a experiência de menos de duas horas de duração que o jogo entrega, sem ter praticamente nenhum fator replay — convenhamos: refazer puzzles que você já solucionou definitivamente não é algo que tem muito apelo.
Uma ótima opção para novatos
Twilight Path é uma ótima experiência com puzzles na realidade virtual. Entretanto, sua duração curtíssima torna o público alvo do game um tanto quanto limitado. Afinal, jogadores de longa data de plataformas VR (principalmente do PlayStation VR) já experimentaram outros jogos que trazem uma experiência semelhante – ou até melhor – a de Twilight Path, e fizeram isso custando menos ou então durando mais.
Entretanto, o jogo ainda é muito indicado para jogadores que adquiriram seu VR há pouco tempo, e ainda não estão acostumados com jogos mais complexos que envolvem movimentação constante ou vários comandos distintos. Aqui temos uma experiência bem simples, que foge da maioria dos gatilhos de cinetose e pode ser um ótimo jogo de entrada para quem está começando a conhecer esse universo.
Twilight Path foi originalmente lançado em 2018 para PC com compatibilidade para Valve Index, HTC Vive e Oculus Rift. No final de 2020, ele chegou ao PlayStation VR (versão analisada).
