Opinião ou qualidade técnica? A difícil missão de avaliar um game

20 de novembro de 2018

Opinião ou qualidade técnica? A difícil missão de avaliar um game

Avaliar um game é muito simples e, paradoxalmente, um dos maiores desafios para quem trabalha com isso. Simples porque a camada mais superficial e a que realmente importa é se um game diverte ou não, mas este quesito é subjetivo por envolver diversas vertentes particulares.

Ou seja: “o que é divertido para você, muitas vezes não é divertido para mim”, não sendo uma ciência exata e, desse modo, a gente acaba “mergulhando” nas mais diversas vertentes para julgar algo como bom ou ruim.  Some isso ao fato de que alguns jogos não sobrevivem ao teste do tempo, afinal, nem todos os games são como os de cassino que são atemporais, e outros são o inverso, não são valorizados em sua época e se tornam clássicos a longo prazo, indicando que os valores da comunidade gamer também mudam. 

Então a pergunta que fica é: o que faz um jogo divertido? Como agradar todos é uma missão praticamente impossível, resolvemos estudar alguns perfis e chegamos a conclusão que, a grosso modo, há cinco tipos comuns de jogadores:

Intelectual: Este é aquele que avalia o game por todos os pontos que o envolve e o classifica como bom ou ruim independente da diversão proporcionada a ele. A ideia é julgar um produto pela sua qualidade técnica, ou seja, se ele tem gráficos legais, controles fluidos, trilha sonora de qualidade, história envolvente, se ele sobreviveu bem a passagem do tempo, contextaliza sua época etc. Ao avaliar todos os pontos, ele tira uma média. Seu comentário mais comum é: “O jogo tem ótimos gráficos, ótima história, ótima trilha sonora e ótima jogabilidade. Portanto, podemos concluir que o jogo é ótimo!”. 

Fã da Jogabilidade: Muito comum na comunidade gamer, o fã da jogabilidade é aquele que coloca este ponto acima de todos os outros. “O que importa é a o gameplay”, colocando as outras vertentes como visuais, música, história como dispensáveis em favor da excelência dos controles. Seu comentário mais comum é: “Quem liga pra história ou gráficos? O gameplay é o que interessa!” 

Diversão acima de tudo: Provavelmente este aqui se enquadra nos jogadores mais casuais. Este não se importa com absolutamente nada e geralmente não possui uma avaliação intelectual sobre os games, apenas jogando os games e tomando para si se é divertido ou não.  Seu comentário mais comum é: “Eu gostei do jogo“. 

Fanboy: Bem conhecido dentro da comunidade, o fanboy não tem critérios para avaliar um jogo, defendendo sua série favorita ou os jogos de determinada empresa simplesmente por ter decidido que essa é “a sua bandeira”. Qualidade técnica, jogabilidade ou diversão não importam, já que o game será automaticamente divertido se for da série que ele gosta. Sua frase mais comum é: “É jogo da empresa tal, logo ele é bom”. 

Nicho: Um pouco mais raro que os demais, mas se tornando cada vez mais comum ao longo dos anos, o jogador de nicho é, como o nome sugere, aquele que curte um determinado tipo de game e ele se diverte com jogos que representam um tipo específico. Para ele, os jogos bons podem ser somente os de terror, só os indies, ou só os retrogamers. Sua frase mais comum é: “Gosto de jogos do gênero tal”. 

Exemplos de jogos para cada vertente

Chrono Trigger (intelectual): Os intelectuais geralmente elegem o Chrono Trigger lançado para o Super Nintendo como um exemplo de bom jogo. Já que ele é considerado ótimo em todos os pontos para proporcionar uma experiência épica dentro de seu estilo JRPG. Nota 10 em gráficos para o SNES, 10 em trilha sonora por inovar e ter composições memoráveis, 10 em jogabilidade pela fluidez e magias duplas e triplas, 10 em sistemas, 10 em história, 10 em fluidez. “Pode apostar que Chrono Trigger é um game de excelência”.

Super Mario Galaxy (Fã de jogabilidade): Mesmo os jogos sendo tecnicamente competentes, a Nintendo sempre foca a excelência de seus games na jogabilidade. Super Mario Galaxy do Nintendo Wii é um bom exemplo disso, já que seu level design, controles fluidos e a criatividade que chamam a atenção no gameplay. 

Undertale (Diversão acima de tudo): Este é divertido por razões não racionais, já que ele não tem bons visuais, seus sistemas são antiquados, há poucos quadros de animação, mas mesmo assim, é considerado um dos games mais envolventes de todos os tempos para muita gente. 

Games da Nintendo (Fanboy): Provavelmente a empresa que tem a maior quantidade de fanboys é a Nintendo, já que um nintendista fanático pode ter o discurso de “se é da Nintendo, é bom”. 

The Walking Dead: The Telltale Series (Nicho): Este é um game desenvolvido pela Telltale Games que é focado em um público de nicho. Provavelmente, o grande público não vai se interessar por jogos com grande ênfase na narrativa e sem muita interatividade, mas os poucos jogadores serão bem dedicados a este tipo de game. 

Conclusão

Como tudo na vida, não existe uma verdade absoluta sobre o que faz um jogo bom ou ruim. Tudo depende da perspectiva e de valores particulares. O máximo que a gente pode fazer é conversar e expor nossos pontos de vistas, mas eles nunca serão soberanos perante os demais. Por mais racional que você seja, não tem como você obrigar o outro a pensar como você.

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