Seis previsões de tecnologia feitas em 1921 que dizem “como seria o mundo em 2021”
Hoje em dia, observando o mundo, as coisas que acontecem nele e as tecnologias que fazem parte do dia a dia, nos fazem pensar em como será o futuro, não é mesmo? Inclusive, obras como Observer, Ghostrunner e Cyberpunk 2077 tentam adivinhar um futuro com mais inteligência artificial e implantes cibernéticos, entre outras coisas.
Mas isso não é algo apenas da nossa geração. Há cem anos atrás, as pessoas que viviam neste mundo, também pensavam em como seria o mundo, em seus pontos de vista, neste ano de 2021. Naqueles tempos, grandes revoluções atingiam o mundo, como a eletricidade, ou o rádio. Além disso, aquele mundo estava se recuperando dos efeitos da Primeira Guerra Mundial e da Gripe Espanhola.
Assim, o Entrepreneur fez uma busca em artigos publicados em jornais de 1921, para mostrar as previsões feitas pelas pessoas daquela época, e comparar com a nossa realidade. É interessante perceber em como a visão de futuro já encaminhava conceitos que foram explorados nos anos seguintes, e hoje, fazem parte, em sua maioria, do dia a dia de milhares de pessoas no planeta.
Dá só uma olhada no que já viam no nosso dia a dia, naquela época:
“Controlaremos a temperatura dentro de casa”
Charles Steinmetz, engenheiro também conhecido como “O Mágico de Schenectady” escreveu um artigo que falava que, em 2021, as pessoas “poderiam controlar a temperatura dentro de casa, de acordo com a necessidade do morador”. Segundo o engenheiro, as casas teriam um aparelho elétrico, que resfriaria e aqueceria o ar, além de manter a umidade sob controle.
O ventilador foi inventado em 1882, e em 1902, o primeiro dispositivo do que seria o ar condicionado, foi apresentado. Ainda nos anos 1920, o dispositivo já começaria a ser instalado em cinemas e, a partir dos anos 1940, foi se tornando mais popular e acessível, enquanto o ventilador, mais barato, ganhou ainda maior presença nos lares. E são itens facilmente encontrado hoje em dia, em residências, e locais públicos de diversas naturezas.
“As pessoas vão consumir entretenimento em casa”
O mesmo Steinmetz também escreveu, cem anos atrás, que acreditava que não seria mais necessário ir a um local para assistir a um concerto. Seria necessário apenas plugar um dispositivo em casa, para assistir a apresentação no conforto do lar. Um trecho do artigo, inclusive, define os serviços de streaming atuais:
“A música será fornecida por uma estação central e distribuída aos assinantes por fio, da mesma forma que temos nosso serviço telefônico hoje. Talvez seja sem fio, sendo a casa equipada com um aparelho receptor de rádio. Com este arranjo aprimorado, poderemos ouvir as estrelas da grande ópera cantando nas capitais europeias enquanto nos sentamos em nossas bibliotecas em casa.”
E hoje, o streaming não só faz parte do dia a dia de milhares de pessoas, como também levou não só os shows, como os filmes, a música e até os games para as nossas casas. E foi fator fundamental para o “entretenimento em casa”, que foi ressignificado em 2020, com a pandemia de Covid-19.
“A eletricidade vai impulsionar a locomoção”
Além de falar sobre temperatura e entretenimento, Steinmetz também acreditava em um futuro com a eletricidade ajudando na locomoção das pessoas. O engenheiro afirmava que, com a crescente e melhoria da eletricidade, os meios de transporte seriam revolucionados.
“Com as melhorias elétricas que virão, haverá uma mudança em nosso sistema de transporte. Haverá mais automóveis elétricos e serão desenvolvidas bicicletas e triciclos elétricos. Devido à sua simplicidade e baixo preço, estarão disponíveis para quase todos.”
Ainda não vivemos em uma sociedade com transporte 100% elétrico, mas existem diversos meios de se locomover usando apenas a eletricidade. Além disso, a indústria do automóvel segue investindo esforços para criar carros elétricos, e governos já criaram leis para proibir carros movidos a combustíveis fósseis, daqui a dez anos.
Os melhores livros serão lidos para nós
Em 1921, já existiam vitrolas, e os discos de vinil, além de tocar músicas, também poderiam ser utilizados para a leitura de livros. Mas claro, dentro do pouco espaço disponível para áudio, impossível para ter um livro inteiro em apenas um LP. Mas o jornal Miami News publicou, em agosto de 1921, um artigo de Moses Folsom chamada “Daqui a cem anos”.
Ele fez algumas previsões e, entre elas, a de um dispositivo que “seriam reproduzidos em máquinas falantes”. Ele quase acertou, inclusive, a população dos EUA nos nossos dias: enquanto disse que seriam provavelmente 400 milhões de habitantes, dados recentes afirmam que vivem, atualmente, 333 milhões de pessoas no país.
“Em 2021, o princípio fonográfico poderá ter se tornado praticamente infalível e os melhores livros serão reproduzidos em placas para uso em muitos estilos diferentes de máquinas falantes.”
Este é o princípio do audiobook, seja como dispositivo, ou como aplicativo, acessado em computadores e smartphones. Em 2020, o mercado de audiobooks cresceu em todo o mundo, com diversas iniciativas e investimentos.
Cidades modernizadas, melhorias em foto e vídeo e a natureza
O mesmo Folsom, no mesmo texto, também fala sobre outros temas. Ele acreditava, por exemplo, que as cidades seriam mais modernas, com calçadas móveis, elevadores e tubos que serviriam de viagens de uma cidade para a outra, em alta velocidade, no melhor estilo Futurama. Ele apostava também que a fotografia, em cores, e os filmes, teriam definição quase que 100% natural.
Vale lembrar que, em 1921, o cinema ainda era mudo, não existia nem filme falado (o primeiro estreou em 1927), mas ninguém ali imaginaria nem na ascensão da televisão, nem que ela seria colorida, nem que ela seria digital, e muito menos que teríamos TVs em 4K e 8K, cinemas 3D, além de fotos não só editáveis, como manipuláveis por inteligência artificial. A ponto de restaurar, recuperar e melhorar fotos de cem anos atrás.
E quanto às cidades modernas, apesar de ainda não existir tais tubos de transporte, é fato de que nossas cidades estão, a cada dia, mais conectadas e repletas de recursos inimagináveis há 100 anos atrás.
Oceanos não serão mais obstáculos
E, tão curioso quanto artigos de especialistas da época, o jornal local de Fall River, Massachusetts, convidou crianças locais a escreverem suas previsões. Thomas Gooley, de 14 anos, imaginou que, uma pessoa de sua época, acordando “do nada” em 2021, se “assustaria”, encontrando aviões e pessoas vivendo nos telhados dos prédios.
E, ao tentar fugir para a Europa, esta pessoa teria um problema, pois os principais meios de viagem para cruzar o Oceano Atlântico não seriam os navios, mas sim um grande túnel submerso.
Thomas, ainda não chegamos lá, porém é válido comentarmos algumas coisas em relação a sua visão de futuro. Para cruzar oceanos, por exemplo, a aviação se transformou nestes “túneis” que, se não são submersos, pelo menos conecta todos os continentes, em milhares de voos que cruzam os céus todos os dias.
E, se não há ainda um grande túnel entre a América e a Europa, ao menos em 1994, o Eurotunel liga o Reino Unido à França, permitindo que franceses acessem de carro a ilha, até então, isolada do resto do continente. E tal túnel começou a ser cavado, inclusive, apenas um ano após o artigo de Thomas, em 1922. Demorando muito para ficar pronto, seja pela política, tecnologia disponível nas épocas, e pela Segunda Guerra Mundial.