Análise Arkade: A melhor ambientação da franquia e gameplay problemático em Alien: Isolation
Para os fãs de Alien, grande ambientação e a melhor reprodução de Amanda Ripley nos videogames. Para os gamers, um bom jogo, mas que peca em detalhes capitais que atrapalham na experiência tensa que o game oferece! Com vocês, nossa análise de Alien: Isolation, confira!
A série Alien sempre esteve presente nos videogames, desde os tempos do Master System. Sempre com resultados medianos, mas com os fãs da série consumindo e curtindo a experiência de lutar/ser Aliens nos jogos da franquia. A nova geração e os computadores (além do Playstation 3 mais o Xbox 360) recebeu mais um jogo da série através da The Creative Assembly e da SEGA, que buscou (e conseguiu) trazer a ambientação sombria e tensa dos filmes para a experiência do videogame, que tem sua história situada 15 anos após os eventos do primeiro filme.
E já vou afirmando: todo fã da franquia deve jogar Alien: Isolation. A pouca luz, o clima de tensão que vive no ar além da fragilidade da protagonista muito bem explorada aqui, que se preocupa mais em fugir e passar escondida pelos cenários trazem uma experiência visual e de ambiente incríveis, não dando brechas para reclamações. Os jogos Alien sempre foram focados em tiroteios e explosões de alienígenas e o simples fato de Isolation se aproximar mais das raízes cinematográficas de terror já coloca água na boca e vontade de jogar.
O som também ajuda a manter o clima tenso: a ausência de músicas durante a exploração faz bem o papel de “o que será que vai acontecer?” e as músicas quando aparecem ajudam a aumentar a adrenalina e o senso de urgência do momento: ou resolver logo o problema ou se mandar o mais depressa do lugar. A dublagem desapontou, sendo bem fraca e as vozes também ficam muito baixas ás vezes. Outro ponto que pode ser melhorado são as legendas, muito pequenas.
Mas aonde Alien: Isolation tropeça é justamente no que poderia fazer dele um dos melhores jogos deste ano: os controles. Sim, um jogo em primeira pessoa ajuda a ampliar o clima tenso e de medo, mas quando controlamos uma personagem que não é lá um soldado de CoD ou Battlefield e que praticamente não dá nenhum tiro durante a aventura, esperava melhores recursos para o stealth.
Ripley tem apenas uma opção (e mal feita) de inclinar a cabeça para espiar os inimigos. Não existe uma opção de se esconder e espiar o ambiente nem algo que facilite um ataque surpresa, ou seja: você vai morrer muito por simplesmente não conseguir se esconder e isso é um erro gravíssimo para um jogo que tem como proposta justamente passar desapercebido pelos cenários. Quem sabe, um jogo com visão em terceira pessoa com influências de Metal Gear Solid e Splinter Cell somados com elementos de ação dos FPSs famosos não ajudariam mais na jogabilidade.
Outro problema da jogabilidade é o fato de sobrar ao jogador apenas a opção de se esconder em mesas ou armários, o que cansa após ter que fazer isso pela trigésima vez. Salvar no jogo não é uma tarefa automática, você precisa ir até o telefone de emergência e efetuar ali o save, de maneira muito semelhante ao clássico Parasite Eve (e Resident Evil também); e isso é ruim, pois embora existam muitos telefones espalhados pelas salas, por outro lado você tem que sofrer o calvário de ter que jogar de novo quinze minutos de jogo para só depois chegar ao ponto onde morreu para… morrer de novo e jogar de novo os quinze minutos.
Um ponto positivo no jogo é que ele não te mostra quase nada sobre seus objetivos. Em momentos de jogos que alimentam a nossa preguiça, não ter uma “seta” te guiando ao próximo destino nem um “tutorial-faça-isso-e-aquilo-para-reativar-esse-gerador”, a ideia de “o objetivo está aí, agora se vira pra resolvê-lo” se mostra de certa forma desconfortável, mas ao mesmo tempo poderíamos sim ter mais jogos assim que não ia ter problema nenhum. As cores verde e vermelho das luzes ajudam na exploração, enquanto um objeto que pode ser coletado ou explorado fica laranja quando você se aproxima dele.
Legal também é como Isolation te ensina a lidar com os temidos Aliens antes mesmo deles aparecerem na história. Como estamos em uma estação abandonada, humanos também estão por lá e a hostilidade impera no ar. Como o homem chega a extremos quando o assunto é sobrevivência, chegar perto de um deles é tiro na certa. Mas como um ser humano é muito mais fácil de lidar do que um Alien, logo é interessante “treinar” a furtividade (falha) do jogo nas pessoas que querem te fazer mal ali.
Os itens são poucos também e devem ser usados com sabedoria. Com poucas armas a disposição, a solução é ficar escondido mesmo e tentar causar o maior dano em sequência possível para sobreviver e conforme itens são coletados, medicamentos podem ser construídos, mas também devem ser usados com a mesma precaução. Um tutorial ajudaria aqui, mas ao jogar logo se pega o jeito de criá-los. O sensor de Aliens também se mostra útil demais e será a sua “principal arma” no jogo.
A proposta de “muito medo, pouca arma” de Alien: Isolation acabou se tornando uma faca de dois gumes: de um lado, temos um jogo de visual e clima impressionantes que farão a alegria dos fãs da franquia e/ou jogos de tensão/survival/terror. Por outro, os problemas com controles e na mecânica do jogo podem fazer com que até os fãs desistam de jogar o título até o fim (ou jogá-lo com má vontade). No geral o jogo agrada , porém aquela sensação de que poderia ter sido melhor é visível a todo instante. Resta torcer para que a SEGA ouça as reclamações e possa apresentar melhorias em um provável próximo título, pois Alien merece!
Alien: Isolation foi desenvolvido pela The Creative Assembly e lançado pela SEGA no dia 7 de outubro. Conta com áudio e legendas em português e está disponível para Playstation 3, Playstation 4, Xbox 360, Xbox One e PC.