Análise Arkade – Aztech: Forgotten Gods, um boss rush com boas ideias, mas mal executado

12 de março de 2022
Análise Arkade - Aztech: Forgotten Gods, um boss rush com boas ideias, mas mal executado

Que tal sair na mão com divindades gigantes, em uma civilização asteca futurista — que não foi extinta. Esta é a proposta de Aztech: Forgotten Gods, o novo jogo da Lienzo, que acabou de chegar aos PCs e consoles!

Astecas futuristas, deuses esquecidos

A Lienzo é uma produtora que respeita suas origens. O estúdio é mexicano, e até agora tudo o que eles lançaram abraça a cultura, a história e o folclore da região. Em 2018, eles lançaram Mulaka, jogo sobre os índios Tarahumara. E agora, colocam seus antepassados, os astecas, em evidência.

Análise Arkade - Aztech: Forgotten Gods, um boss rush com boas ideias, mas mal executado

Aztech: Forgotten Gods parte do princípio que o povo asteca não foi extinto e colonizado, mas se desenvolveu e tornou-se uma superpotência tecnológica no melhor estilo Wakanda. Tão tecnológica, que suas divindades acabaram relegadas a lendas e ficaram esquecidas no passado.

Porém, como o título do jogo já adianta, os tais Deuses Esquecidos vão acabar surgindo uma vez mais no mundo, por conta de escavações e estudos que acabam desenterrando uma manopla antiga que é capaz de absorver a energia das tais divindades.

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Achtli empunhando a Lightkeeper

O artefato, obviamente, acaba caindo “no colo” da protagonista — a jovem Achtli — que vai precisar sair na mão com entidades colossais se quiser proteger sua terra natal e tentar entender qual o seu papel em uma treta de proporções colossais.

Parkour voador

Na prática, Aztech: Forgotten Gods é um jogo do tipo “boss rush”, ou seja, nossa missão é basicamente derrubar chefões — que são gigantescos e imponentes. É mais ou menos como uma mistura de Furi com Shadow of the Colossus.

A manopla que a protagonista empunha — chamada Lightkeeper — carrega todo o gameplay”nas costas”, uma vez que concede muita mobilidade para o jogador.

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Voando pela cidade

O jogo se passa em uma cidade muito vertical, com prédios, pirâmides estátuas e bases flutuantes. O que não é um problema para Achtli, que pode voar mais ou menos como o Homem de Ferro, usando a energia da manopla como propulsão.

A locomoção pelo mundo do game, então, se dá como uma espécie de parkour turbinado, que ignora (parcialmente) a gravidade. Enquanto a Lightkeeper tiver energia, podemos nos manter no ar — e há maneiras de recarregá-la sem que precisemos tocar o chão.

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Verdade seja dita, não há muito o que se fazer pela cidade futurista do jogo. Há lojinhas de trajes e upgrades, bem como alguns desafios e NPCs para conversarmos (há MUITAS conversas que desenrolam a história), mas é isso. Me parece que o “mundo aberto” está aqui simplesmente para aproveitar a mobilidade da personagem, mas este é um jogo que podia tranquilamente ser dividido em fases.

Pancadaria nas alturas

Conforme a narrativa avança, certos deuses vão sendo despertados, e surgm tocando o terror no mundo, cabendo “a portadora da manopla a missão de sair na mão com eles. Como já dito, este é um boss rush, ou seja, tudo o que temos são batalhas contra chefes, ainda que existam alguns minions patrulhando a cidade, mas que definitivamente não oferecem desafio.

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O design das criaturas é muito legal

O design dos chefes é incrível: criaturas colossais que parecem feitas de pedra, mas com alguns componentes orgânicos e tecnológicos aqui e ali. Como são grandes, vamos continuar aproveitando as capacidades da Lightkeeper para “voar” pelas arenas, tentando encontrar uma brecha para atacar.

Geralmente há algo no cenário que precisa ser ativado/desativado para que possamos acertar os chefes, o que concede um ar estratégico aos combates. Quando baixamos a guarda dos bichões, devemos nos aproximar e desferir ataques diretos com a manopla, em ataques “teleguiados” que só não são mais efetivos porque tudo é muito caótico.

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Os chefes vão ficando cada vez maiores

Ao longo do jogo, vamos enfrentar meia dúzia de deuses, mas fica difícil “jogar bonito” ou travar batalhas memoráveis simplesmente porque tudo é muito confuso… e talvez este seja…

O maior problema de Aztech: Forgotten Gods

A verdade é que o jogo se apoia totalmente na mobilidade propiciada pela manopla… mas não entrega um gameplay bem calibrado o suficiente para que o jogador tire proveito disso. Em muitos momentos, eu nem conseguia entender o que estava acontecendo na tela, mas seguia apertando botões, na esperança de estar causando dano aos chefes.

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Pense no famoso rocket jump, o “pulo de bazuca”, um conceito bem popular nos videogames. O que Achtli faz é basicamente isso: usa energia para se propulsionar pelo ar. Mas ela faz isso sem total controle; sua movimentação é errática, imprecisa. Entendo que parte disso seja proposital — ela só usa manopla, afinal, então voar meio torto faz sentido –, mas o fato é que as mecânicas que representam o core do jogo parecem muito cruas, sem polimento.

E quando tudo o que o jogo entrega baseia-se em mecânicas que são meio capengas, fica difícil ter uma experiência realmente satisfatória. Para piorar, a câmera também não ajuda, o que só aumenta a bagunça.

Audiovisual

Não vou dourar a pílula: Aztech: Forgotten Gods é um jogo feio. Ele parece um jogo (feio) de PS2, com texuras estouradas, bordas serrilhadas e um acabamento que sempre parece grosseiro. Sei que este é um jogo indie, mas existem maneiras elegantes de mascarar a falta de orçamento — e a própria Lienzo já fez isso: Mulaka usava um visual mais puxado para o low poly que é muito mais agradável aos olhos.

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Boas ideias de design são subaproveitadas tecnicamente

Não sei se a ideia aqui era “ter cara” de jogo do início dos anos 2000, mas eu realmente não gostei do visual. O que é uma pena, visto que a direção de arte do jogo é muito interessante, e sua reimaginação da cultura asteca com uma pegada tecnológica sem dúvida é muito criativa. O problema é que, tecnicamente, os gráficos não acompanham a qualidade do design.

A trilha sonora, por sua vez, faz um bom trabalho, sendo pesada e frenética para manter o jogador “no clima” do jogo. Embora o jogo tenha muitos diálogos, praticamente não há vozes aqui, salvo por gritos, gemidos e interjeições.

Conclusão

Eu respeito muito empresas que são puramente autorais, e se esforçam para imprimir sua identidade nos jogos que produz. Continuo apreciando a Lienzo por honrar sua cultura em seus games… mas, fora este apelo histórico e cultural, há pouco o que se salva em Aztech: Forgotten Gods.

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Seu mundo aberto não tem muita razão de ser, e sua mecânica de mobilidade/combate, por mais interessante que seja, não funciona de maneira satisfatória. Assim, combates que deveriam ser épicos tornam-se confusos, e o jogador passa mais tempo brigando com os controles (e com a câmera) do que com os monstros.

Uma pena. Mas, a empresa segue no meu radar, e espero que possa tanto consertar um pouco de Aztech: Forgotten Gods (por meio de patches) quanto seguir investindo em propriedades intelectuais que estejam alinhadas com sua cultura.

Aztech: Forgotten Gods foi lançado em 10 de março, com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. O game não recebeu localização para o nosso idioma.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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