Sound Test Arkade Faixa 3 – Michiru Yamane / Castlevania: Symphony of the Night

4 de janeiro de 2015

Sound Test Arkade Faixa 3 - Michiru Yamane / Castlevania: Symphony of the Night

Hoje é a vez das mulheres! E é celebrando a diversidade, que traremos toda a belíssima heterogeneidade de ritmos criada por Michiru Yamane, no clássico Castlevania: Symphony of the Night.

Tradicionalmente, o cinema usou e abusou da música clássica em seus famosos filmes sobre vampiros, como o Drácula, de Bram Stoker, por exemplo. E nos videogames, é claro, esta também foi uma fonte de inspiração.

Contudo, na provavelmente mais famosa séria de videogames sobre vampiros, uma mulher combinou esta inspiração com os mais diversos gêneros musicais, e criou uma vanguardista trilha, que por si só, inspirou milhares de jogadores na árdua tarefa de combater o Drácula.

E para embarcar neste clima de caçada aos vampiros, pegue alho, água benta… não, espera. Só dê o play no link abaixo e — seguindo a sugestão do usuário “BelmondGoncalo” — conheça um pouco mais sobre a épica trilha sonora de Castlevania: Symphony of the Night.

O Jogo

Criada e publicada pela Konami, a série Castlevania teve seu primeiro lançamento em 1986, com o jogo que deu nome a série sendo lançado para o popular NES (ou o Nintendinho, para os íntimos). E rapidamente se tornou no carro-chefe da empresa japonesa.

Após diversos lançamentos, em 1997 chegou às prateleiras o nosso objeto da coluna de hoje. Castlevania: Symphony of the Night manteve o padrão dos jogos anteriores ao utilizar uma mecânica de jogo 2D em side-scrolling, tradicional dos jogos de plataforma. No entanto, SotN tinha uma boa dose de RPG em uma jogabilidade não linear.

Sound Test Arkade Faixa 3 - Michiru Yamane / Castlevania: Symphony of the Night

Pela primeira vez na série, não tínhamos um personagem integrante da família Belmont, os famosos caçadores de vampiros do universo de Castlevania, e, consequentemente, era o primeiro que não utilizava um chicote (o lendário Vampire Killer) como arma.

Em SotN, o personagem principal era Alucard, que, tal qual os Belmonts, também tinha suas razões para ir atrás do Drácula (lendo o nome dele de trás para frente já é possível ter uma ideia do porquê).  Alucard, além de utilizar várias armar diferentes, ainda tinha o poder de mudar sua formar, podendo se transmutar em lobo, morcego ou até mesmo em neblina.

O jogo é o primeiro da série a trazer grandes mudanças. Principalmente por todos os elementos de RPG que ele trouxe. Alucard tinha atributos alteráveis, como Força, Inteligência e Sorte, além de HP e MP para medir a energia e magia do personagem. Outra inovação era o mapa do castelo do Drácula, que tinha todas as suas áreas completamente interligadas.

E uma inovação estética, porém que chamava muita atenção eram os diálogos dublados, que traziam toda uma imersão para a narrativa. Curiosamente, estes diálogos tiveram alguns problemas de localização para inglês na versão ocidental, o que gerou alguns resultados um tanto estranhos.

A jogabilidade clássica com inovações bem aplicadas, a narrativa, os diálogos dublados, e, é claro a trilha sonora marcante, fizeram com que Castlevania: Symphony of the Night, seja, para muitos, o melhor jogo da série.

A Compositora

Sound Test Arkade Faixa 3 - Michiru Yamane / Castlevania: Symphony of the Night

A japonesa Michiru Yamane é a responsável por toda a trilha sonora deste clássico. Graduada em música com ênfase em piano, Michiru foi contratada e assinou seu primeiro trabalho na Konami em 1987, quando tinha 24 anos, no jogo Nemesis 3: The Eve of Destruction.

Após participar da composição de vários jogos da empresa, Michiru Yamane teve seu primeiro contato com a série no jogo Castlevania: Bloodlines, do Mega Drive, em 1994. Como reconhecimento pelo grande trabalho feito neste lançamento, a compositora ganhou a responsabilidade de também compor sua sequência, o SotN, além de vários outros jogos da série.

Em entrevista concedida a Game Developer Magazine em 2006, Michiru revelou que, apesar dos seus estudos se focaram em música clássica, sua gênero musical favorito é o Heavy Metal.

“Eu gosto de Dream Theater. Amaria poder colaborar em algum álbum deles no futuro, mas, eu não tenho muita esperança de que isso possa acontecer”, revelou a compositora. E isso talvez explique a veia pesada que algumas músicas do Symphony of the Night carregam.

Mas não é só de Castlevania que a carreira de Michiru Yamane foi baseada. Ela compôs a trilha do também clássico Contra: Hard Corps, ao lado do, até então pouco conhecido, Akira Yamaoka (que alguns anos depois tornaria-se o grande nome da série Silent Hill).

E falando em parcerias famosas, no Castlevania: Portrait of Ruin, do Nintendo DS, Michiru Yamane trabalharia ao lado de Yuzo Koshiro, nosso homenageado na primeira Sound Test Arkade.

Até que em 2008, após compor a trilha de Castlevania: The Order of Ecclesia, Michiru Yamane deixou a Konami numa parceria de mais de duas décadas. A japonesa decidiu seguir a carreira de compositora independente. E desde então, dentre vários trabalhos teve destaque participando das trilhas de Skullgirls e Super Smash Bros.

Mesmo fora da Konami, Michiru não abandonou seu trabalho mais famoso. Desde 2010, em raras ocasiões, ela participa de concertos onde toca suas mais famosas criações. E o resultado, são coisas como o Castlevania – The Concert, na Suécia, que ela participou em 2010.

Tente não se arrepiar:

https://www.youtube.com/watch?v=_2iX7Le_GBI

A Trilha

Diversidade é a palavra chave aqui. Michiru Yamane foi capaz de abrir um leque gigante de possibilidades e não temeu ao passear pelos mais diversos estilos musicais. Acompanhando o level design do jogo, ela compôs uma trilha completamente diferente para cada área que você visita no castelo do Drácula.

Isso foi fundamental ao criar uma ambientação particular e totalmente nova a cada área que o jogador visita. Enquanto passa por uma área que remete à uma capela, a trilha é soturna, carregando pelo som denso de órgãos, sinos e uma batida grave. Já em uma área mais aberta, com muitos combates, a música ganha guitarras e uma bateria em alta cadência, inspirado nas bandas de Gothic Metal.

Durante as lutas contra os chefes, a trilha ganha ares épicos, com orquestrações grandiosas, e Michiru ousou até em incluir elementos da Tocata e Fuga em Ré Menor, a obra-prima do compositor clássico Johann Sebastian Bach. Tudo executado com extrema maestria.

Durante a aventura em Castlevania: Symphony of the Night, é impossível não se pegar acompanhando, nem que seja batendo o pé, alguma música do jogo. Até mesmo quando o jogo é finalizado, o jogador é surpreendido por mais uma música durante os créditos. I Am The Wind é uma típica balada cantada por Cynthia Harrell, que ficaria muito conhecida alguns anos tempos por cantar outro grande hit da Konami, a música tema de Metal Gear Solid 3: Snake Eater.

Sound Test Arkade Faixa 3 - Michiru Yamane / Castlevania: Symphony of the Night

E esta foi a terceira faixa da Sound Test Arkade. Gostaram? Faltou algo? Comentem abaixo e vamos conversar sobre esta bela arte que são as trilhas sonoras nos videogames. E, é claro, deixe sua sugestão para a próxima edição!

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