Análise Arkade – Call of Duty WWII e a sua volta para a Segunda Guerra Mundial
Após vários anos explorando o futuro, e até sistemas solares, Call of Duty retorna às suas raízes e traz, após os nove anos de World at War, um game focado na Segunda Guerra Mundial. O conflito, que envolveu conflitos em vários locais do planeta, serviu para a turma da Sledgehammer Games fazer a sua investida neste momento da história, em um game que bebeu muito da fonte de seus antecessores da década passada, e tentou incluir elementos novos no gameplay.
Pensando também em um multiplayer que consiga convencer jogadores, mesmo com um ritmo naturalmente diferente a combates com pulo duplos e raios de energia, além de um modo zumbi que já se tornou parte da tradição de CoD, o trabalho dos desenvolvedores pode ser resumido em oferecer uma campanha que seja um pouco mais pé no chão, mas sem deixar de lado alguns elementos atuais que cativam os jogadores.
Parecia Band of Brothers… mas não é.
Primeiro vamos falar da campanha de WWII. Durante o seu desenvolvimento, a promessa era de que acompanharíamos Ronald “Red” Daniels em sua jornada pela Europa durante os anos de 1944 a 1945. Com os trailers, que mostravam divergência entre seus comandantes, Sargento Pierson e Primeiro Tenente Turner, uma possibilidade de uma história mais pessoal, e até incursões prometidas em campos de concentração do Holocausto, tivemos a impressão de que estaríamos diante de uma obra de guerra nos mesmos moldes de Band of Brothers, mas não é isso o que acontece.
Sim, participamos de conflitos importantes da guerra, como mais uma incursão dramática no Dia D, eternizada pelo Resgate do Soldado Ryan, a libertação de Paris dos nazistas e a Batalha do Bulge, mas tudo acontece de maneira muito rasa, sem profundidade, usando de maneira simplória todos os clichês possíveis em um jogo de guerra. É o famoso “aprendendo com a guerra”, a questão moral “missão ou meus homens” e um momento mais dramático aqui e ali, e só. Não chega nem perto da conexão emocional que tivemos com os personagens de Modern Warfare, e a história é encarada mais como um desperdício de potencial do que algo épico, como acontecia em suas promessas através de vídeos.
Por outro lado, parece que o pessoal da Sledgehammer fez uma busca nos passado bem interessante, já que as animações, cenários e personagens de WWII estão muito bem feitos. E, a busca também chegou ao passado dos videogames, pois podemos ver vários elementos de jogos clássicos reproduzidos entre as missões. Começando pela energia, em um esquema que nos lembra muito Medal of Honor, com a diferença que, além de encontrar kits de primeiros socorros pelos combates, também é possível pedir um, vez ou outra, para o médico da companhia, em um sistema que explico melhor mais para frente. Você agora tem uma barra de energia, tal qual os jogos da geração 32-128 bits, e isso faz com que você não se sinta o Rambo, correndo feito doido, levando tiros e se escondendo para voltar a ação.
Mas, há até que uma certa abundância destes kits, o que tira um pouco a sensação de preocupação com sua energia. São poucos momentos durante a campanha que te deixam com escassez de recursos, mas com o checkpoint próximo que também atrapalha no “aumento de dificuldade prometido”, independente do nível que você encare o jogo. Apenas veículos, como tanques, jipes e aviões que não contam com o “conserto” que vimos em Battlefield 1, com estes explodindo assim que tomarem todos os tiros possíveis.
As missões são uma mistura de tudo o que vimos em jogos do gênero. É a invasão na Normandia, desta vez um pouco mais intensa devido a maiores recursos, e de longe, a missão mais legal de todo o game, já que sua brutalidade serve como um cartão de visitas para o game, é a missão de espionagem, com troca de maletas e documentos falsos, é uma ação aqui e ali com tanques e aviões, e até a famosa cena em que um soldado amigo te levanta após um ataque, está presente. É sim um mais do mesmo, porém bem intencionado, por observarmos várias tentativas de novidades no gameplay.
Como o sistema de combate, que está bem caprichado. Buscando tirar o foco do “super soldado”, Daniels tem à disposição um batalhão que, de acordo com a missão, fornece a ele medkits, munição, granadas, granadas de fumaça para marcar posição para apoio aéreo e posicionamento e inimigos. Todos eles são bem úteis e vão ficando disponíveis através de uma barra que vai crescendo de acordo com seu desempenho em combate. Também é possível concluir atos heróicos, como arrastar um soldado ferido para a segurança ou salvar um soldado sob ataque inimigo. No fim, temos uma campanha de cerca de seis horas, bem feita, mas sem o impacto prometido em vídeos e entrevistas. Mas que com certeza vai agradar todos aqueles que estavam de saco cheio de lutar no planeta Saturno.
Multiplayer Frenético
É óbvio que o WWII perdeu os pulos duplos, as armas de energia e todo o aparato tecnológico, mas isso não deixou o gameplay menos frenético. Temos como novidades, grupos militares diferentes, como a Infantaria ou os Airbone, que garantem habilidades únicas para cada grupo. Só isso já traz um sabor especial ao gameplay, pois desta vez, são os seus reflexos e habilidades que determinam de fato quem é o melhor nas arenas. Dentre os modos, além dos tradicionais Capture a Bandeira e Kill Confirmed, temos um interessante modo com objetivos históricos. Nele, é possível você reviver o Dia D online, seja como membro de exército aliado com missões a serem cumpridas, ou como um nazista, precisando se proteger nas praias da Normandia.
Destiny também mostra suas influências no game, com seus lances sociais. É possível abrir as lootboxes frente aos outros jogadores, e procurar contratos, como matar um número específico de inimigos, ganhar um número de jogos e várias coisas neste sentido, podendo ainda treinar pontaria em zona de alvos e assistir a torneios do game. Isso, somado ao que já dava certo nos multiplayers anteriores, como a progressão que garantia um gameplay bem extenso, traz um modo bem caprichado, denunciando claramente que os maiores investimentos de Call of Duty hoje estão focados nos seus modos online.
E para o 3 em 1 ficar completo, os zumbis
Também marca registrada nos recentes Call of Duty, o modo zumbi encontra em WWII um terreno bem interessante para existir, já que os mitos, teorias da conspiração ou mesmo algumas coisas que a história mostrou oferecem campo fértil para explorar o tema “zumbis nazistas”. É aquele modo de sempre: seja sozinho ou com quatro colegas, é preciso sobreviver e cumprir os objetivos, perfeito para quem gosta de se divertir com um bom desafio.
O modo é divertido, bem caprichado e serve para completar o playground 3 em 1, que já faz parte do pacote de um Call of Duty. Quer conferir a história que foi desenvolvida para o game? Vá para a campanha. Cansou da campanha? Multiplayer tá logo ali. E, se quiser só descarregar pentes de metralhadora, os zumbis estão te aguardando.
Um legítimo Call of Duty
WWII não é uma revolução em Call of Duty, mas com certeza é um game bem feito. A campanha, apesar de oferecer menos do que as promessas, diverte e é bem variada. Seu multiplayer é bem frenético e divertido, com conteúdo que prenderá seus jogadores por meses e meses, e o modo zumbi vem mais uma vez trazer variedade a um pacote bem balanceado.
Não espere aqui nenhum momento épico, a não ser os desenvolvidos em partidas online, mas tenha a certeza de que você está jogando o melhor Call of Duty desta geração atual. O game consegue agradar tirando todos aqueles elementos futuristas esquisitos e, com um gameplay mais pé no chão, recheado de elementos históricos, faz bem o seu papel, sendo uma ótima opção para quem quer um FPS legal para este ano.
Call of Duty: WWII está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.